Na corrida pela Prefeitura de Teresina, uma reviravolta significativa marcou a semana. Dr. Vinícius Nascimento, deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), decidiu recuar da disputa, transferindo seu apoio ao colega de partido e também deputado estadual, Fábio Novo. No meio de tudo isso, os interesses de Rafael Fonteles e Wellington Dias.
É que por trás desse movimento existe uma questão maior que coloca em lados opostos criador e criatura. O governador Rafael e o ministro Wellington. Uma disputa velada que movimenta as peças do diretório municipal do PT e seus pré-candidatos e pode revelar um choque de interesses no jogo político cuja primeira disputa entre os dois é a eleição de 2024.
“Esforça-te que eu te ajudarei”
Dr. Vinícius Nascimento, tido como o preferido do governador Fonteles em vários meios políticos, encontrou obstáculos para impulsionar sua pré-campanha. Apesar da expectativa, Fonteles parece não ter fornecido apoio substancial ao progresso da pré-candidatura de Nascimento.
O governador estipulou como meta para Dr. Vinícius atingir uma pontuação de dois dígitos nas pesquisas eleitorais até junho, contudo, além de oferecer visibilidade ao aparecer ao seu lado em algumas ocasiões, pouco assistiu o candidato. No encerramento do prazo, Nascimento assumiu a derrota e abdicou da corrida, voltando seu apoio para Fábio Novo, com quem já mantinha uma relação próxima.
Agora, Novo parece ser o favorito do governador do estado. Contudo, a história de apoio do palácio tem uma ressalva. Novo, com sua experiência, sabe como a política realmente funciona e será mais pragmático quanto às ferramentas políticas necessárias para avançar em sua pré-campanha e, ao contrário de Vinícius não vai aceitar apenas um “esforça-te que eu te ajudarei”.
Um adversário para Franzé dentro do PT
A saída de Vinícius Nascimento abre caminho para Fábio Novo, político veterano que possivelmente adotará uma estratégia mais prática para aprimorar sua pré-campanha. Novo já começou a traçar uma rota agressiva para confrontar o principal pré-candidato do PT, o presidente da Assembleia, Franzé Silva.
O primeiro movimento foi deixar claro que “aquele que estiver melhor nas pesquisas” será o candidato do PT. Se o susposto preferido do governador abriu mão, por que Franzé não pode fazer o mesmo? É com esse argumento que, tudo indica, o Karnak vai tentar minar a candidatura do presidente da Assembleia dentro do partido.
Novo, por sua vez, já provou ser um rival à altura para Franzé, tanto dentro quanto fora do PT. Foi duro quando precisou e sabe marcar território, usando a comunicação e sua relação com a imprensa. Bem diferente de Vinícius, que não gosta de embates.
Rafael Fonteles não quer Franzé Silva candidato
No recente encontro entre Novo, Nascimento e Fonteles, a ausência do forte pré-candidato petista, Franzé Silva, foi interpretada como confirmação de que sua candidatura não contará com o apoio do governador.
É possível que Novo seja a peça escolhida por Fonteles para frear o avanço de Frazé até que seu verdadeiro candidato seja revelado.
Ao fortalecer Fábio Novo e provocar o embate com Franzé Silva dentro do PT, o esperado consenso desaparece. O governador poderia apresentar um candidato bem posicionado nas pesquisas, protegido das disputas até então, e projetado como um unificador.
Rafael Fonteles e Wellington Dias travam a verdadeira disputa
Porém, uma trama paralela envolvendo o ministro Wellington adiciona ainda mais intrigas a essa história. Dias, ex-governador por quatro mandatos e reconhecido como um estrategista perspicaz, percebe as consequências a longo prazo de um candidato apoiado por Rafael assumir a prefeitura em 2024.
A exemplo do que aconteceu em 2012, quando concorreu à Prefeitura de Teresina apenas para dividir votos e impedir a eleição de Elmano Férrer, Dias pode estar planejando uma manobra similar agora. Ele vê em Franzé Silva a escolha ideal para a prefeitura.
Estamos, portanto, diante de um verdadeiro jogo de xadrez político, com Wellington e Rafael conduzindo a partida, enquanto os atuais pré-candidatos do PT podem ser apenas peões nesse tabuleiro.
A eleição municipal de 2024 em Teresina promete ser um caminho repleto de manobras políticas, intrigas e complexidades.