De acordo com fontes consultadas pela CNN e ABC News, o governo de Donald Trump estaria analisando uma proposta para restringir o acesso a armas de fogo por pessoas transgênero. A medida, que gerou forte reação pública, acompanha uma série de ações anti-trans já adotadas pelo atual governo desde a retomada do mandato.
Proposta de restrição e o contexto da violência
Segundo ABC News, oficiais do Departamento de Justiça discutiram a possibilidade de que diagnósticos de disforia de gênero possam desqualificar indivíduos considerados mentalmente “defeituosos”, conforme legislação federal que restringe o porte de armas. Ainda, fontes afirmaram que nenhuma proposta concreta foi oficializada até o momento.
O debate acontece após o trágico tiroteio ocorrido em uma igreja em Minneapolis, onde Robin Westman, uma mulher trans, matou duas crianças e feriu 21 pessoas antes de tirar a própria vida. Os críticos apontam que a maioria dos ataques em massa nos EUA são cometidos por homens cisgênero, entre eles, uma pequena parcela de pessoas trans, que representam menos de 2% da população.
Reações e controvérsia
Com grande parte da sociedade e organizações de direitos civis criticando o movimento, a ONG GLAAD afirmou que a administração prefere “culpar e perseguir uma minoria vulnerável” ao invés de atacar causas reais da violência, como a facilidade de acesso às armas. Segundo a porta-voz da organização, “todos merecem ser quem são, estar seguros e livres de discriminação”.
Até mesmo o NRA, tradicional apoiador de direitos ao porte de armas, publicou uma nota na qual afirma que “não apoia propostas que implementem banimentos arbitrários sem o devido processo”, reforçando a complexidade da discussão.
Dados e críticas à politicagem
Especialistas destacam que o movimento de incluir pessoas trans na discussão de segurança armado é parte de um contexto mais amplo de ataques ao povo trans desde o início da gestão atual. Desde a volta ao governo, Trump já declarou que “existem apenas dois gêneros”, proibiu a prestação de serviços militares a transgêneros e negou o reconhecimento de identidades trans em instituições culturais e públicas.
Dados de diversos estudos mostram que a fatia de transgêneros envolvidos em crimes violentos é ínfima — entre 0,11% e 2% — enquanto 98% dos casos de tiroteios em massa no país são perpetrados por homens cisgênero, reforçando que armas representam uma ameaça coletiva independentemente do gênero.
Posições oficiais e perspectivas futuras
Em nota enviada à ABC News, um porta-voz do Departamento de Justiça justificou a avaliação afirmando que o objetivo é “evitar padrões de violência vinculados a problemas de saúde mental e uso de substâncias”, sem propostas específicas em andamento.
Especialistas alertam que a tentativa de direcionar a discussão para pessoas trans é uma tática de distração, uma vez que medidas mais eficazes estão relacionadas ao fortalecimento de leis de controle de armas, como verificações de antecedentes e restrições de acesso a armas de alta potência.
O debate político segue intenso diante de uma sociedade polarizada, enquanto organizações e ativistas reforçam a necessidade de proteger direitos civis e combater a violência de forma inclusiva e responsável.