Brasil, 17 de maio de 2025
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Desmatamento ilegal na Chapada dos Veadeiros preocupa comunidade Kalunga

A Associação Quilombo Kalunga denuncia desmatamento recente em território tradicional, gerando apreensão entre moradores e ambientalistas.

A Associação Quilombo Kalunga (AQK) denunciou nesta semana a ocorrência de desmatamento com o uso de correntão em uma fazenda localizada dentro do Território Kalunga, no município de Cavalcante, em Goiás. Essa prática, amplamente conhecida por sua devastação em áreas extensas, levanta preocupações tanto em relação ao meio ambiente quanto às comunidades tradicionais que habitam a região.

A gravidade do desmatamento

De acordo com um relato publicado nas redes sociais da AQK, tratores foram utilizados para a derrubada de vegetação que estava em processo de regeneração natural desde 2019. Em uma parte da publicação, é mencionado que “a vegetação foi removida com o objetivo de preparar o solo para o plantio de capim”. Essa declaração evidencia a urgência da situação e o impacto negativo que essa atividade pode causar na biodiversidade local.

Os kalungas, que têm uma forte ligação com a terra e suas tradições, afirmam que a área em questão já havia sido alvo de desmatamento ilegal há seis anos. Após fiscalização, um termo de ajustamento de conduta (TAC) foi assinado em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público de Goiás (MPGO), a Prefeitura de Cavalcante e a própria AQK, com o intuito de proteger a região e garantir a sua integridade ambiental.

Importância da região desmatada

A área que sofreu o desmatamento está situada nas imediações da nascente do Rio Prata, um dos principais cursos d’água da Chapada dos Veadeiros, um dos polos turísticos mais importantes do Brasil e um verdadeiro refúgio do Cerrado. Esta região é reconhecida não apenas pela sua beleza cênica, mas também por sua rica diversidade biológica, que corre o risco de ser drasticamente afetada pelas práticas destrutivas de desmatamento.

Resposta das autoridades

Em entrevista ao portal Metrópoles, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) revelou que a empresa proprietária da área desmatada já tinha sido autuada em junho de 2020, quando 527 hectares de vegetação foram destruídos, levando ao embargo da área. A Semad também informou que um TAC adicional foi firmado em 2022, que previa obrigações importantes para a reparação do dano ambiental causado.

  • Entre as principais obrigações estão a promoção da reparação do dano em 530 hectares, com uma proposta de compensação de 1,2 mil hectares, além do pagamento de R$ 210 mil – sendo R$ 200 mil destinados à comunidade Kalunga e R$ 10 mil à Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Ainda segundo a Semad, em 2025 a situação da propriedade foi regularizada por meio da Declaração Ambiental do Imóvel (DAI), um documento que o proprietário deve cumprir, assumindo compromissos sobre os danos causados. Após essa regularização, o desembargo da área foi concluído em fevereiro deste ano, permitindo que o proprietário voltasse a usufruir do direito de usar a terra para outras atividades, desde que cumpra com a documentação exigida.

Implicações para a comunidade Kalunga

Os kalungas estão cada vez mais preocupados com a falta de fiscalização e o descumprimento de acordos anteriormente firmados para proteger suas terras e o meio ambiente. “Essa situação é alarmante para nós, que dependemos da natureza para nossa subsistência e cultura. O que fica evidente é que os interesses da agricultura extensiva estão se sobrepondo à proteção dos nossos direitos e da nossa biodiversidade”, afirmou um representante da AQK.

O apelo da comunidade Kalunga destaca a necessidade de uma maior vigilância e responsabilidade por parte das autoridades na defesa do meio ambiente, especialmente em áreas com significativa importância ecológica e social como a Chapada dos Veadeiros.

Enquanto isso, o desmatamento ilegal continua a ser um desafio, exigindo atenção urgente de todos: das autoridades, da sociedade civil e, principalmente, das comunidades que habitam e preservam essas terras. A luta pela justiça ambiental e pelos direitos das comunidades tradicionais se torna cada vez mais essencial para garantir um futuro sustentável e justo.

Por fim, somente através de esforços coletivos e da valorização das práticas sustentáveis será possível preservar a beleza e a diversidade natural da Chapada dos Veadeiros e proteger as comunidades que ali residem.

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