A demissão do secretário de Educação de Barueri, Celso Furlan, ocorreu em resposta a declarações controversas feitas durante uma reunião com diretores escolares. Furlan afirmou que crianças com deficiência seriam incapazes de aprender e insinuou que as mães buscam as escolas apenas para se “livrar” dos filhos.
O que aconteceu na reunião
A polêmica começou quando um áudio da reunião, realizada no último dia 13 de maio, foi vazado nas redes sociais, revelando o teor das falas de Furlan. Durante a conversa, ele disse: “Um garoto com problema de autismo significa 20 alunos a mais. Esse é um caso sério a se pensar”. Ele seguiu afirmando que mães de crianças com deficiências não estavam realmente preocupadas com a educação, mas apenas queriam “se livrar” dos filhos.
Além disso, Furlan fez comentários depreciativos sobre crianças com deficiências severas, incluindo déficits de mobilidade. “Tem casos de deficientes cadeirantes que não mexem nenhum membro do corpo. Nada. Tudinho torto, não tem condição de aprender nada,” declarou, gerando indignação nas redes sociais e nas comunidades de defesa dos direitos das pessoas com deficiência.
A resposta da Prefeitura de Barueri
A administração municipal de Barueri não hesitou em tomar medidas imediatas, emitindo uma nota onde lamenta o ocorrido e reforça seu compromisso com uma política inclusiva. Segundo a nota, “a Prefeitura mantém uma política séria, ética e inclusiva voltada aos cuidados da pessoa com deficiência, seus familiares e cuidadores em nossa cidade.”
A gestão também reconheceu o trabalho de Furlan ao longo dos anos, citando que ele havia contribuído para a excelência do ensino municipal. Contudo, foi ressaltado que a exoneração se fez necessária diante das polêmicas geradas.
A defesa de Celso Furlan
Após a repercussão negativa, Furlan se defendeu em uma nota, alegando que o áudio foi tirado de contexto. Ele disse que o tema da reunião era a criação de ambientes escolares mais adequados para o aprendizado de alunos com deficiência e que suas palavras não refletiam uma visão desrespeitosa.
Furlan afirmou que “o assunto foi tema de uma reunião de trabalho” e que seu objetivo não era desrespeitar os alunos ou causar constrangimentos, destacando a importância de uma comunicação clara e respeitosa.
Repercussões nas redes sociais
A declaração de Furlan gerou uma onda de críticas nas redes sociais. Muitos usuários expressaram sua indignação, destacando a necessidade de uma educação inclusiva que respeite e valorize as capacidades de todos os alunos, independentemente de suas limitações. O sentimento compartilhado era de que essas declarações refletem uma visão ultrapassada e prejudicial, que não condiz com os avanços na luta pelos direitos das pessoas com deficiência.
Organizações e grupos de defesa dos direitos humanos e das pessoas com deficiência também se manifestaram, cobrando uma reflexão mais ampla sobre o tema e uma postura mais sensível e consciente por parte dos gestores públicos.
Reflexão sobre a inclusão
O caso de Celso Furlan levanta questões importantes sobre a inclusão e o respeito às individualidades no ambiente escolar. A educação deve ser um espaço de acolhimento, reconhecimento e valorização da diversidade. Frases e pensamentos como os dele não apenas perpetuam estigmas, mas também podem ter efeitos nocivos no processo educativo de crianças que já enfrentam desafios nas suas rotinas diárias.
À medida que a sociedade avança em direção à inclusão, é fundamental que líderes e educadores se empenhem em entender e apoiar as necessidades de TODOS os alunos, trabalhando para criar um ambiente escolar onde todos possam prosperar.
Com a exoneração de Furlan, Barueri agora se encontra em um ponto de inflexão. Espera-se que sua sucessão traga não apenas um novo olhar para a educação, mas também um compromisso real e efetivo com a inclusão e o respeito à diversidade durante essa jornada.