Brasil, 17 de junho de 2025
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STF vê tentativa da Câmara como risco para outros deputados

Ministros do STF reagem à suspensão da ação penal contra Alexandre Ramagem, apontando riscos de impunidade para outros parlamentares.

Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) se encontrou no centro de uma controvérsia envolvendo a Câmara dos Deputados e a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), acusado de crimes graves relacionados a uma tentativa de golpe de Estado. Ministros da Corte classificam a manobra da Câmara como uma “preparação de terreno”, que pode abrir precedentes preocupantes para outros parlamentares que enfrentam processos judiciais.

A ofensiva da Câmara

A Câmara, liderada pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), apresentou uma nova ação com objetivo de validar a suspensão do processo contra Ramagem e outros réus. No entanto, os magistrados do STF já sinalizaram que a ofensiva da Casa não tem chances de prosperar. Essa ação inclui a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), considerada um recurso inadequado para revisar uma decisão anterior da Primeira Turma do STF que já havia determinado o prosseguimento do processo.

Ações do STF em relação a Ramagem

Após a manifestação da Câmara, a Primeira Turma do STF decidiu que as acusações de crimes como organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito seriam mantidas. Essas ações teriam ocorrido antes da diplomação de Ramagem, o que, segundo a Constituição, não pode ser deliberado pelo Congresso. Por outro lado, crimes que teriam sido cometidos após a diplomação foram suspensos judicialmente.

Um precedente perigoso

Juristas e especialistas em direito afirmam que a manobra da Câmara pode criar um precedente perigoso, permitindo que outros deputados, como Josimar Maranhãozinho e Pastor Gil, ambos do PL do Maranhão, tentem usar o mesmo argumento para suas defesas em casos de corrupção passiva e organização criminosa. Ambos são acusados de solicitar vantagens indevidas, e suas ações poderiam se beneficiar da mesma lógica se o STF decidir pela suspensão geral das investigações.

O debate sobre a impunidade parlamentar

O advogado criminal Cristiano Maronna levanta preocupações sobre o equilíbrio entre a proteção das funções parlamentares e a responsabilidade por atos ilícitos. “Essa prática pode gerar controvérsias, sendo vista como uma forma de proteção excessiva que pode levar à impunidade”, afirma.

Além disso, outros parlamentares, como Otoni de Paula (MDB-RJ), expressaram hesitação em utilizar o mesmo recurso, considerando que isso poderia tensionar ainda mais as relações entre os Poderes.

A reação do STF e as perspectivas futuras

Em sessão recente, o ministro Flávio Dino defendeu a atuação do STF, afirmando que a ideia de que a separação de Poderes impediria a Primeira Turma de se pronunciar sobre decisões da Câmara é infundada. “Se fosse assim, estaríamos caminhando para uma dissolução da República”, ressaltou.

Com o embate entre o Congresso e o STF, líderes de partidos estão reavaliando a possibilidade de avançar com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tenta limitar a eficácia das decisões monocráticas do Supremo.

Declarando sua posição

Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que também enfrenta processos judiciais, declarou que a decisão da Câmara deveria ser estendida a ele, enfatizando que “a ação penal é uma só”. Sua declaração reflete um desejo de que a proteção legislativa seja igualmente aplicada a todos os parlamentares envolvidos em processos.

A tensão entre os dois Poderes continua a intensificar-se, e o desdobramento dessa situação no STF poderá ressoar através do cenário político brasileiro, levantando questões sobre a accountability no exercício das funções parlamentares e os potenciais limites da imunidade parlamentar.

À medida que a Câmara se posiciona em defesa de seus integrantes, o STF se depara com a necessidade de reafirmar sua autoridade, ao mesmo tempo em que a sociedade observa atentos a essa crise institucional e suas repercussões.

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