Dois bezerros suplementares foram encontrados sem vida neste fim de semana na Serra da Catingueira, na região da Fercal, no Distrito Federal. Com esses novos relatos, o total de animais mortos subiu para quatro bezerros e uma vaca em menos de uma semana, envolvendo uma série de ataques que têm preocupado os moradores locais.
O que aconteceu na Serra da Catingueira
Os incidentes começaram na quarta-feira (3), quando dois bezerros e uma vaca foram encontrados mortos no Sítio Recanto da Paz. No último sábado (6), um bezerro foi descoberto dilacerado em uma propriedade vizinha e, no domingo (7), outro animal foi encontrado sem vida na mesma região, totalizando uma grave situação para os criadores locais.
Uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi acionada para investigar os ataques. O grupo inspecionou o local e analisou imagens de câmeras de segurança que foram instaladas após o primeiro incidente. Contudo, não houve movimento registrado nessas gravações, dificultando a identificação dos responsáveis pelos ataques.
Os especialistas do Ibama acreditam que os ataques podem ter sido realizados por um ou dois grandes felinos, tendo como base as marcas encontradas nas carcaças e as pegadas identificadas nas redondezas. O proprietário da fazenda onde ocorreram dois dos ataques, Cid Marques, divulgou um vídeo mostrando o estado dos animais após o ataque, revelando ferimentos graves e a situação crítica dos bezerros.
Monitoramento e possíveis ações
Há a suspeita de que o(s) felino(s) esteja(m) se deslocando entre duas fazendas na área, onde mais câmeras serão instaladas por motivos de segurança. O Ibama está considerando a formação de uma força-tarefa em conjunto com o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e o Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal para abordar a situação. A ideia é intensificar o rastreamento dos animais e, se necessário, desenvolver um plano de captura para evitar novos ataques.
A relação entre humanos e onças
O biólogo Roberto Cabral explica que as onças não representam um perigo para os humanos e que os ataques a animais domésticos normalmente ocorrem quando os felinos não conseguem encontrar alimentos adequados em seus habitats naturais. “Muitas vezes, nós invadimos o território desses animais, reduzindo a disponibilidade de alimentos e, assim, eles se veem forçados a atacar os animais domésticos para sobreviver”, esclarece o biólogo.
Conforme Roberto, existem medidas que podem ajudar a minimizar esses conflitos. “É fundamental tranquilizar a população, informando que as onças, sejam pintadas ou pardas, não incluem os humanos em sua dieta”, complementa. Segundo o especialista, ações de conscientização e a criação de barreiras que protejam os rebanhos são algumas das formas de evitar esses trágicos encontros entre felinos e animais de criação.
Conclusão
Os casos recentes de ataques de onças na Serra da Catingueira despertam um debate importante sobre a convivência entre a vida selvagem e a pecuária. Com o aumento do desmatamento e a redução dos habitats naturais, os felinos se veem cada vez mais em conflito com as propriedades rurais. A implementação de estratégias que protejam tanto os animais selvagens quanto os domésticos será crucial para garantir um equilíbrio sustentável na região.
O Ibama e outras autoridades seguem monitorando a situação e buscando soluções que respeitem a fauna local, ao mesmo tempo em que protegem os interesses dos agricultores e criadores da área.
