Teresina, 5 de maio de 2024
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Piauí tenta superar o Ceará na corrida pelo hidrogênio verde

No projeto de transformar o Piauí numa referência em geração de H2V, Rafael Fonteles se depara com desafios que vão desde a falta de infraestrutura e logística até a concorrência com o vizinho Ceará. Anos à frente com o Porto de Pecém cujo sócio é o Porto de Rotterdam, porta de entrada da Europa, o Ceará está na briga com um Hub de H2V em estágio avançado. O Piauí já perdeu uma batalha. Temos diante do nossos olhos uma promessa de futuro ou uma realidade de desenvolvimento?
Rafael Fonteles aposta todos os esforços na geração de hidrogênio verde no Piauí. Que desafios o governador do Estado tem pela frente na difícil tarefa de competir com o Ceará.
Governador aposta todas as fichas na geração de H2V: o novo El Dorado da economia.

Tratado como o mais importante projeto de sua gestão na área de desenvolvimento econômico, a exploração do hidrogênio verde (H2V) no Piauí tem recebido a atenção dos principais agentes do Governo do Estado. O próprio Rafael Fonteles (PT) tem dedicado seus esforços pessoais a esse projeto.

Desde que assumiu o governo, Rafael Fonteles fez duas viagens ao exterior, além de participar de reuniões sobre energias renováveis dentro do país. Não é possível falar de H2V sem mencionar a energia eólica e solar, que são duas matrizes energéticas em que o estado do Piauí é muito competitivo.

Rafael Fonteles aposta no H2V

Durante a última viagem internacional do governador, que incluiu países como Espanha, Alemanha, Suécia e Inglaterra, o foco principal foi o H2V e toda a logística necessária para o seu desenvolvimento no Piauí, incluindo o Porto de Luís Correia.

Fonteles anunciou que o volume de investimentos em energia renovável e geração de H2V previsto em memorandos assinados entre o Estado e empresas internacionais é da ordem de R$ 50 bilhões.

Rafael Fonteles durante visita a Hamburger Hafen und Logistik AG (HHLA), na Alemanha

“A pauta sobre o Hidrogênio Verde é destaque em todo o mundo! Durante a reunião no Brasil com o presidente Lula, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que o bloco vai investir R$ 10,5 bilhões no país para a produção de hidrogênio verde, considerado o combustível mais limpo do mundo. No caso do Piauí, já firmamos entendimentos com empresas que planejam investir um valor 5 vezes maior: R$ 50 bilhões para a produção do combustível verde em nosso estado.”

Rafael Fonteles

Hidrogênio verde ganha destaque

O H2V é uma pauta muito recente no cenário mundial. Entrou no radar dos políticos piauienses após 2020. Antes disso, não estava nos planos do governo. Para comprovar ‘O Plano de Desenvolvimento do Estado – Piauí 50 anos’, elaborado ainda durante o governo de Wilson Martins, em 2013, nem mencionava o H2V.

A partir da COP26, que ocorreu em 2021 na Escócia, a conferência climática das Nações Unidas onde países e empresas assinaram um compromisso para diminuir as emissões de carbono no mundo que o H2V ganhou destaque como uma possível solução para substituir os combustíveis fósseis.

O governo do Piauí esteve presente. Naquele ano, o então governador Wellington Dias anunciou a assinatura de um termo de cooperação entre o Estado e uma das maiores empresas de energia renovável do Brasil e com grande atuação no Piauí, a Casa dos Ventos, do bilionário cearense Mário Araripe.

Wellington Dias anunciou, mas não se concretizou

Quando governador, Wellington Dias assinou memorando com Casa dos Ventos: ficou no papel

O projeto da Casa dos Ventos e Nexway previa a geração de H2V no Piauí ainda em 2023. “Estamos falando de investimentos que, ao longo dos próximos 10 anos, podem chegar a US$ 4 bilhões”, dizia Wellington Dias. De acordo com o projeto, a Casa dos Ventos e a Nexway implantariam na Zona de Processamento de Exportações (ZPE) de Parnaíba uma planta para produção de hidrogênio, que seria usado como combustível veicular, e amônia para a agricultura.

Ceará x Piauí: a guerra pelo H2V

A ZPE do Piauí só foi inaugurada em fevereiro de 2022. A primeira exportação da Zona ocorreu em novembro do ano passado, quando foram exportadas 20 toneladas de cera de Carnaúba. Desde então, a cera tem sido o único produto exportado pela Zona de Processamento de Exportação de Parnaíba, totalizando 60 toneladas em pouco mais de seis meses.

No nosso vizinho Ceará, a ZPE do estado foi inaugurada sete anos antes da do Piauí. Em menos de cinco anos, movimentou 50 milhões de toneladas de cargas.

A ZPE do Ceará é integrada ao Porto de Pecém. No Piauí, nem mesmo o porto existe.

Essa é a realidade que Rafael herdou de Wellington Dias. Baixa competitividade, um ambiente desfavorável para investimentos e falta de infraestrutura, além de anos de uma visão política predominante que caminhava na contramão do desenvolvimento.

Piauí perdeu a primeira batalha

Em cinco de dezembro do ano passado, enquanto o Piauí dava início apenas à sua Zona de Processamento de Exportação, com um atraso de 10 anos, a Casa dos Ventos e a Comerc Eficiência assinavam um pré-contrato com o Complexo do Pecém (CIPP S/A), no Ceará, para a instalação de uma unidade de produção de hidrogênio e amônia verde, com a primeira fase prevista para iniciar a operação em 2026.

Sem conseguir avançar no Piauí, a Casa dos Ventos não esperou e investiu primeiro no Ceará.

Davi contra Golias

Quando o governador anuncia os memorandos de entendimento em meio ao cenário europeu, a realidade vivida aqui no Piauí parece menos crível. Sua intenção de transformar o Piauí na “principal referência em Hidrogênio Verde nas Américas” depara-se com um obstáculo: o vizinho Ceará.

A ZPE e o Porto de Pecém têm como sócios o Governo do Ceará e o Porto de Rotterdam, na Holanda, principal porta de entrada para o mercado europeu. O país faz fronteira com a Alemanha, o que beneficia e facilita as relações comerciais, inclusive na possível importação de H2V, aumentando a competitividade dos cearenses.

Apesar da necessidade global de realizar a transição energética e reduzir o uso de combustíveis fósseis, ainda há muitas incertezas sobre a viabilidade de produzir H2V em grande escala. Questões como custo, demanda, produção e logística de transporte ainda estão sendo estudadas e são fatores decisivos na escolha de onde investir.

Realismo necessário para a transformação energética

O governador Rafael Fonteles não está errado ao fazer planos e buscar investidores. Sua agenda está alinhada com o contexto mundial. No entanto, é importante que ele tenha algo que o ex-governador Wellington Dias não teve: os pés no chão.

Memorandos de entendimento: promessas ou realidades?

Os memorandos de entendimento (MoUs) assinados por Fonteles e as empresas europeias não obrigam as empresas a assumir o que está disposto ali, mesmo que assinem. Não é uma garantia de dinheiro para investimento. É apenas um indicativo, geralmente usado para obter mais informações sobre o projeto enquanto se protege a ideia ou tenta viabilizar o empreendimento.

A infraestrutura como desafio principal

O grande desafio de Rafael Fonteles é corrigir anos de atraso em infraestrutura, principalmente no setor de transporte, especialmente no Porto de Luís Correia. Os produtores de soja do Piauí, os verdadeiros investidores que se estabeleceram aqui, aguardam décadas por estradas de qualidade para escoar sua produção.

Assim como outras regiões, o Piauí enfrenta desafios em sua jornada para concretizar suas ambições no campo do H2V, incluindo a necessidade de desenvolver uma infraestrutura de transporte adequada.

Que o Piauí não fique, mais uma vez, para trás.

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