A seleção francesa é amplamente reconhecida por contar com uma forte presença de jogadores de dupla nacionalidade, sobretudo de países africanos. Entre esses destaques está Kylian Mbappé, que possui raízes na Camarões e Argelia. No entanto, essa não é a realidade de todos os atletas. Um exemplo notável é Serhou Guirassy, atacante do Borussia Dortmund, que decidiu romper a norma e optar pela seleção de Guiné, mesmo tendo nascido e se desenvolvido na França. Guirassy é uma testemunha da complexa identidade que se forma em torno do conceito de nação no futebol.
Um coração dividido: da França a Guiné
Nascido em Arles, no sul da França, Guirassy teve seu primeiro contato com o futebol na sua terra natal e passou pelas categorias de base da seleção francesa. Contudo, a chamada de Guiné, terra natal de seus pais, ressoou mais fundo. Em uma entrevista, o atleta de 29 anos revelou que recusou a oportunidade de jogar pela seleção guineense inicialmente, pois não se sentia preparado. “Mas, como já disse muitas vezes, foi uma das melhores decisões da minha carreira. É um orgulho enorme”, declarou ele, emocionado.
O sucesso no Borussia Dortmund
Atualmente, Guirassy é um dos principais artilheiros da Champions League, tendo marcado 13 gols, o que o coloca no mesmo patamar do brasileiro Raphinha. Seu desempenho excepcional atraiu a atenção do PSG, que, segundo a imprensa europeia, o vê como uma potencial adição valiosa ao time na próxima janela de transferências. Com contrato vigente até 2028 e uma multa rescisória estimada em 70 milhões de euros, Guirassy pode estar à beira de uma nova etapa na sua carreira.
A representatividade e os desafios enfrentados
Em suas reflexões sobre a escolha de representar Guiné, Guirassy reconhece a pressão que acompanha a decisão. “Acredito que sou um exemplo para os guineenses, especialmente para os jovens. Nós gostamos de colocar um sorriso no rosto delas com a seleção nacional. Não há maior honra do que ser visto como embaixador do meu país”, disse o jogador. Apesar da escolha mais difícil no cenário do futebol de seleções, ele nutre o sonho de levar Guiné, pela primeira vez, a uma Copa do Mundo, evento que passará a contar com 48 seleções pela primeira vez em 2026.
Conciliando fé e futebol
Além das conquistas profissionais, Guirassy também se destaca por sua forte ligação com a família e suas raízes culturais. Ele faz questão de manter a tradição devido à sua formação africana, e também é um muçulmano que harmoniza suas obrigações religiosas com a rotina intensa do futebol, especialmente durante o Ramadã. Para ele, isso é uma “força” e não uma fraqueza.
A expectativa para o Mundial de Clubes
Faltando menos de um mês para o Mundial de Clubes, Guirassy aguarda ansiosamente por sua participação. Mesmo ciente das dificuldades e desafios que o torneio pode trazer, ele mantém a esperança de deixar uma marca significativa na história do futebol para Guiné.
Com uma trajetória inspiradora e comprometida com suas origens, Serhou Guirassy se destaca como um exemplo de perseverança e identificação, mostrando que a escolha de representar o país de seus pais é uma decisão poderosa e cheia de significado.