Brasil, 18 de maio de 2025
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Lula aposta em articulação direta com senadores para conquistar apoio no Congresso

O presidente Lula busca aproximação com líderes do Congresso em busca de um apoio político mais sólido.

Após quase dois anos e meio de mandato sem um modelo de articulação política que proporcionasse confiança no Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adotar uma nova estratégia, apostando em um relacionamento mais próximo com os líderes das duas casas legislativas: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Essa mudança é vista como uma tentativa do Palácio do Planalto de estabelecer um diálogo mais eficiente com os parlamentares, onde a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), uma das principais aliadas de Lula, terá o papel de articular com as lideranças partidárias.

A nova dinâmica política

A iniciativa de Lula para ter uma relação mais direta com Alcolumbre e Motta era uma demanda antiga de muitos congressistas, que ansiavam por uma maior interlocução com o governo. No entanto, mesmo com essa mudança, ainda é possível perceber que existem reclamações entre os dirigentes do Centrão, que expressam o desejo de uma relação mais próxima e participativa com a administração federal.

Um sinal claro dessa nova dinâmica se reflete na agenda do presidente, que já levou Alcolumbre para três viagens internacionais neste ano. O senador acompanhou Lula em missões ao Japão, Vietnã e China, além de estar presente no funeral do Papa Francisco no Vaticano. Essa presença nas viagens internacionais não apenas reforça o laço com Alcolumbre, mas também destaca a intenção de Lula de contar com o apoio desses líderes nas decisões políticas em curso.

Desafios na articulação política

Com a intenção de aprovar pautas importantes no Congresso, como a isenção do Imposto de Renda para aqueles que recebem até R$ 5 mil por mês e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) voltada para a Segurança Pública, o governo precisa superar desafios significativos. Entre essas pautas, existe também o projeto que visa anistiar os envolvidos nos eventos de 8 de Janeiro, que está em debate na casa legislativa e que pode passar por modificações.

A articulação política de Lula já enfrentou reveses, especialmente após mudanças em sua equipe no início do ano. A ministra Gleisi Hoffmann teve que assumir uma posição desafiadora ao substituir Alexandre Padilha no ministério. A política de diálogo não se concretizou em algumas situações; por exemplo, Gleisi não conseguiu evitar que o requerimento de urgência para o projeto de anistia reunisse as assinaturas necessárias, até que a atuação de Motta, após um encontro com o presidente, contingenciou o andamento da proposta.

Questões internas e prioridades do Planalto

A saída de Juscelino Filho do Ministério das Comunicações e as negociações referentes à indicação do novo ministro do setor também foram centralizadas entre Lula e Alcolumbre. Embora Gleisi tenha apontado o líder do União na Câmara, Pedro Lucas Fernandes, como o potencial substituto, a recusa do deputado acabou gerando constrangimento, evidenciando a complexidade das relações entre o governo e os partidos.

Atualmente, os líderes partidários da base não estão sendo priorizados pelo Palácio do Planalto, uma vez que Gleisi se concentra nas lideranças das bancadas. Em suas relações, ela dialoga com deputados como Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), além de presidentes de comissões, tentando estabelecer um diálogo que, apesar das dificuldades, é imprescindível para avançar em suas propostas.

Antonio Rueda, o presidente do União Brasil, expressou a insatisfação de alguns dirigentes, afirmando que desde que Gleisi assumiu o cargo, ele teve apenas um encontro com a ministra, sem a realização de reuniões mais frequentes. Em um almoço que aconteceu no início de abril, ele pediu que Gleisi mantivesse diálogos regulares com os presidentes dos partidos, recebendo a promessa de que esses encontros se tornariam mais comuns.

O fato de que Gleisi ainda não conseguiu realizar uma reunião individual com os líderes e a reivindicação por uma maior inclusão nos diálogos do governo ressalta a necessidade de um aprimoramento nas estratégias de articulação política. A resistência à realização de uma reforma ministerial também se coloca como um obstáculo significativo, uma vez que os integrantes do Centrão buscam uma mudança nessa dinâmica para que suas demandas sejam mais consideradas.

Considerações finais

O caminho ainda é longo para que o presidente Lula consolide sua base de apoio no Congresso. Contudo, ao adotar uma linha direta com os líderes do Senado e da Câmara, almeja criar um ambiente mais favorável à aprovação das suas pautas. A capacidade de diálogo e a busca por uma articulação mais robusta serão cruciais para que o governo consiga transitar com mais segurança em um Congresso historicamente fragmentado.

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