O nome Araceli Crespo marca, até hoje, a memória do Brasil. Em 18 de maio de 1973, a menina de apenas 8 anos desapareceu após sair da escola, na Praia do Suá, em Vitória, no Espírito Santo. Sua história, repleta de dor e descaso, toca o coração de muitos e ilustra a urgência em enfrentar o problema do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes no país.
O que aconteceu com Araceli
No dia do seu desaparecimento, Araceli foi vista pela última vez por um adolescente em um bar, nas interseções das avenidas Ferreira Coelho e César Hilal. Após intensa busca, seu corpo foi localizado em 24 de maio, em estado de decomposição, em uma área de mata atrás do Hospital Infantil, também em Vitória. A tragédia de sua morte levou à formação de um movimento nacional contra o abuso infantil.
Dados alarmantes sobre abuso sexual
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante no número de denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes. Entre 2021 e 2024, foram registradas 110.449 denúncias, com um pico de 36.802 em 2024, representando um aumento de 95,6% em comparação com 2021. A maior parte das vítimas vive na mesma casa que seus agressores, evidenciando a gravidade do problema e a necessidade de intervenções eficazes para proteger as crianças.
Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual
No último domingo, 18 de maio, commemorou-se o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. A data foi escolhida em homenagem ao caso de Araceli e motivou a criação da Lei Federal nº 9.970, sancionada em 17 de maio de 2000, que estabelece medidas de combate e prevenção à violência sexual infantil.
Os suspeitos e o desenrolar do caso
A investigação do caso de Araceli apontou três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini, seu pai, Dante de Brito Michelini, e Paulo Constanteen Helal. Todos pertenciam a famílias influentes no Espírito Santo. Segundo as apurações, Araceli foi sequestrada por Paulo Helal logo após sair da escola e levada ao Bar Franciscano, onde foi vítima de abuso sexual e mantida em cárcere privado sob efeito de drogas.
Conforme os relatos, Araceli acabou sofrendo uma overdose e foi levada a um hospital, onde chegou já sem vida. O corpo da criança foi então descartado em uma área de mata, onde foi encontrado dias depois. Contudo, o processo judicial enfrentou diversas dificuldades, como influências externas sobre as investigações e o misterioso desaparecimento de testemunhas.
Desfecho do caso
Os suspeitos foram inicialmente condenados em primeira instância, mas posteriormente absolvidos pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), que alegou insuficiência de provas. A sensação de impunidade gerou revolta e levou a sociedade a se mobilizar em torno do combate à violência contra crianças, refletindo a necessidade de um sistema judicial mais robusto e eficiente.
A luta pela justiça em nome de Araceli continua, sendo um apelo constante para que os direitos das crianças sejam respeitados e protegidos. É vital que a sociedade e as autoridades se unam para mudar essa realidade tão dolorosa, assegurando um futuro melhor para as próximas gerações.
A história de Araceli não pode ser esquecida, e cada denúncia de abuso deve ser tratada com a seriedade que merece. O Brasil precisa avançar na proteção de suas crianças e adolescentes, garantindo que tragédias como a dela não se repitam.