A Polícia Federal (PF) do Brasil está aguardando uma resposta das autoridades bolivianas sobre a situação de Marcos Roberto de Almeida, conhecido como “Tuta”, que foi preso em Santa Cruz de La Sierra no último sábado (17). Tuta é considerado um dos líderes mais influentes do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais poderosas do país. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que uma decisão sobre a expulsão ou extradição do criminoso deve ser comunicada neste domingo (18).
“Para definir os próximos passos, aguardaremos as autoridades bolivianas. Temos a expectativa de que ocorra a expulsão imediata ou um processo regular de extradição, mas essa é uma decisão que deve ser tomada pela soberania do outro país”, declarou Rodrigues durante uma coletiva de imprensa, sem confirmar oficialmente o nome do liderado do PCC. Ele também informou que equipes e aeronaves estão à disposição para a retirada de Tuta, dependendo da resposta das autoridades bolivianas.
Prisão na Bolívia
- Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta e apontado como a maior liderança do PCC, foi detido pela PF na Bolívia na sexta-feira (16).
- Antes de ser integrado à facção criminosa, Tuta foi adido comercial no Consulado de Moçambique em Minas Gerais, entre 2018 e 2019.
- Houve a informação de que ele teria sido assassinado pelo tribunal do crime da facção após ordenar a morte de um membro sem a devida autorização, mas seu corpo nunca foi encontrado.
- Investigações revelaram que a história da morte de Tuta foi criada pelo PCC para desviar as investigações.
A operação que levou à detenção de Tuta contou com o apoio da Força Especial de Luta Contra o Crime da Bolívia. O líder do PCC foi preso quando se apresentou para renovar seu registro de estrangeiro, utilizando documentos falsos. Segundo a Polícia Federal, ele estava foragido desde 2021, enfrentando condenações que somam 12 anos por organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Tuta é uma figura bastante enigmática e influente dentro do PCC. As investigações apontam que ele teria operado um sistema que movimentou mais de R$ 1 bilhão em atividades ilícitas, com ramificações que vão desde o tráfico internacional de drogas até a aquisição de imóveis de luxo no Brasil e em outros países.
“Ele tentava renovar o registro de estrangeiro na Bolívia com um documento brasileiro falso. O documento boliviano era legítimo, mas os dados brasileiros eram falsificados”, comentou Andrei. O nome de Tuta estava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol, o que levou a PF a intensificar esforços em sua localização e captura.
Estava claro que ele havia se tornado um dos principais responsáveis financeiros pelo PCC, sendo envolvido em várias operações ilícitas que garantiram a manutenção do poder da facção, mesmo fora do sistema prisional. Em 2020, Tuta ganhou notoriedade após escapar da Operação Sharks, quando não foi encontrado pelas autoridades em um endereço conhecido. Provas posteriores indicaram que ele havia comentado que foi “salvo pela Rota”, se referindo a possíveis subornos a policiais.
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Tuta teria pago cerca de R$ 5 milhões a policiais do setor de inteligência da Rota em troca de informações relevantes sobre mandados de busca e apreensão. Parte desse valor teria sido paga em espécie, com R$ 2 milhões de entrada.
Enquanto as autoridades bolivianas deliberam sobre a liberdade do líder do PCC, as próximas horas são cruciais para a ação da Polícia Federal, que está decidida em trazer Tuta de volta ao Brasil para enfrentar a justiça.