Recentemente, um comentário de teor pedófilo que viralizou na rede social TikTok gerou revolta e indignação entre internautas. O usuário questiona se uma boneca bebê reborn teria “buraco”, insinuando a possibilidade de relações sexuais com um brinquedo que conquistou o Brasil e o mundo.
Reação da comunidade tátil
O comentário foi exibido no perfil da criadora de conteúdos Rebornsofjess, que acumula mais de 13 mil seguidores no Instagram e 425 mil na plataforma de vídeos curtos. No vídeo, Jess repudiou a pergunta e expressou seu descontentamento com a situação. Essa polêmica gerou diversas denúncias e debates sobre a importância do monitoramento de comentários e conteúdos abusivos relacionados ao produto.
“Has the doll a hole? (A boneca tem algum buraco?)”, questionou o internauta.
Importância do debate sobre bonecas reborn
Em entrevista ao Metrópoles, a psicóloga clínica e social Flávia Borges enfatiza que ainda não há evidências científicas que provem que o uso de bebês reborn está relacionado ao estímulo à pedofilia.
“Eles são usados, por exemplo, no tratamento de luto gestacional, infertilidade ou como objetos transicionais que auxiliam na regulação emocional. O problema surge quando há uma distorção do uso original”, pondera Flávia.
A psicóloga esclarece que é fundamental distinguir as bonecas reborn criadas para simular maternidade simbólica ou acolhimento emocional daquelas utilizadas para alimentar fetiches sexuais. Apesar da diferenciação, Flávia destaca a importância de manter um debate constante para prevenir o desvio de uso e a fabricação de bonecas com características infantis para finalidades impróprias, como o insinuação do usuário da rede social.
Polêmicas históricas envolvendo bonecas
Vale lembrar que a questão das bonecas sexuais de aparência infantil não é nova. Em 2018, a Amazon enfrentou uma polêmica ao permitir a venda de bonecas pornográficas com características infantis em sua plataforma. Após mobilizações de associações de direitos das crianças na França, os produtos foram retirados do site. Além disso, o caso de Shin Takagi, um pedófilo confesso que produziu bonecas de borracha com aparência infantil, reabriu o debate sobre o impacto dessas produções.
“Não há base científica para considerar que o uso de bonecas com aparência infantil evite o crime. Pelo contrário, existem indícios de que isso possa reforçar fantasias desviantes”, finaliza Flávia.
Bonecas reborn: popularidade e demanda crescente
Conhecidas por sua aparência extremamente realista, as bonecas reborn são confeccionadas artesanalmente para se assemelhar ao máximo a bebês de verdade. Desde seu surgimento no Brasil nos anos 2000, a demanda continuou a crescer, com mais de 1,3 milhão de pessoas seguindo páginas dedicadas a esse universo. Os preços variam entre R$ 850,00 e R$ 6.000, e cada boneca pode demandar até 15 dias de trabalho artesanal.
Essas bonecas, embora sejam frequentemente usadas como apoio emocional para pessoas lidando com luto, infertilidade ou solidão, estão no cerne de um debate mais amplo sobre a segurança e a responsabilidade em suas representações nas redes sociais.
O caso levanta questões importantes sobre como o comportamento humano em ambientes digitais deve ser monitorado e regulamentado, especialmente quando envolve a vulnerabilidade de crianças e a prevenção de abusos.