O crescente envolvimento do Brasil com os e-sports não é apenas uma moda passageira; é um verdadeiro fenômeno que está se consolidando como um dos principais polos globais dessa indústria em franca expansão. Leandro Estevam, diretor de E-sports da Ubisoft para a América Latina, promove a visão otimista e destaca muitos dos traços que fazem do país um local promissor para o desenvolvimento e a profissionalização dos jogos eletrônicos.
O auge das competições brasileiras
Os jogos eletrônicos estão longe de serem uma diversão solitária e desprezível; hoje, eles se tornaram verdadeiras plataformas competitivas que atraem milhões de espectadores e jogadores. Com um mercado que deve gerar uma receita de impressionantes 9,1 bilhões de dólares apenas na América Latina em 2025, a importância do Brasil nesse cenário é notável, e isso não passa despercebido por empresas como a Ubisoft.
Famosa por franquias como Rainbow Six Siege e Assassin’s Creed, a Ubisoft reconhece o Brasil como um dos seus principais mercados. “O Brasil é um celeiro de bons jogadores, e temos equipes que se destacam em campeonatos mundiais”, afirmou Estevam, referindo-se ao sucesso de equipes brasileiras em competições no Rainbow Six Siege, onde, nas últimas temporadas, times brasileiros conquistaram o título em todos os campeonatos mundiais disputados.
O festival R6 Reload no Rio de Janeiro
Atualmente, o cenário nacional se intensifica com o campeonato R6 Reload, que ocorreu no Rio de Janeiro e oferece uma impressionante premiação de 520 mil dólares (aproximadamente 2,9 milhões de reais). Após o sucesso do Six Invitational 2024, que lotou o Ginásio do Ibirapuera, a organização do novo campeonato espera atrair ainda mais a atenção do público, especialmente com a fase final a ser disputada na Arena Carioca 1, no próximo fim de semana.
Entre os 101 jogadores que competem no Reload, 34 são brasileiros, mostrando o domínio do país no cenário. Três dos oito times que chegaram às finais são também brasileiros, o que solidifica ainda mais a posição do Brasil como um forte concorrente em uma arena global.
A estratégia do Rio como capital dos e-sports
O Rio de Janeiro está se tornando um verdadeiro centro para eventos de e-sports. O desejo da prefeitura, liderada pelo prefeito Eduardo Paes, é transformar a cidade na capital dessa nova fronteira, competindo com outros centros globais. A cidade recebeu eventos de grande porte, incluindo o Intel Extreme Masters e o Mundial de Free Fire, e planejamentos para mais competições ainda estão em pauta.
Com uma estrutura robusta em desenvolvimento e um apoio estratégico, a prefeitura mobilizou órgãos como a Invest.Rio e a Coordenadoria de Games e E-sports, que estão em conversas com as principais desenvolvedoras do setor. A expectativa é que, até 2027, o Rio realize um grande evento de e-sports anualmente, ampliando suas ofertas no turismo tecnológico.
O impacto econômico dos eventos
Eventos como o R6 Reload não apenas atraem atenção internacional, mas também têm um impacto significativo na economia local. Com a expectativa de movimentar cerca de 6 milhões de dólares, a Blast, promotora do evento, indica que os ganhos vão além da competição e envolvem o turismo. A presença de equipes e jogadores elite na cidade requer a reserva de várias acomodações e serviços, gerando emprego e investimento local.
Desafios e oportunidades para marcas no mercado de e-sports
Apesar do crescimento vigoroso, o ecossistema de e-sports ainda enfrenta o desafio de atrair investimentos de marcas não endêmicas, ou seja, empresas que não têm relação direta com o universo dos jogos, como as de alimentos, bebidas e moda. Estevam aponta que muitos executivos ainda têm pouco conhecimento sobre este mercado e o potencial que ele representa, o que é uma oportunidade desperdiçada.
“O público dos e-sports possui alto poder aquisitivo e é bastante engajado. Marcas que se juntarem a nós podem se conectar de forma mais eficaz com um público jovem e dinâmico”, conclui Estevam.
Enquanto o cenário continua a evoluir, a Ubisoft já está se preparando para futuros eventos importantes, como as finais da South American League, marcando um impulso contínuo para a profissionalização dos e-sports no Brasil.