Na última quinta-feira, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por ordenar a invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Com uma pena de dez anos de prisão e inelegibilidade por oito anos, a parlamentar enfrenta uma dura realidade política e judicial. A única manifestação de apoio nas redes sociais veio dos deputados Eduardo Bolsonaro (SP) e Bia Kicis (DF), seus antigos correligionários. Desde 2022, Zambelli se viu cada vez mais isolada, especialmente após um episódio onde, armada, perseguiu um opositor nas ruas de São Paulo.
A situação legal de Zambelli
Após a decisão da Primeira Turma do STF, o futuro de Zambelli na política parece incerto. Sua defesa poderá apresentar recursos após a publicação do acórdão do julgamento. Apenas após a análise dessas apelações é que uma eventual prisão e a perda de mandato poderão ser formalizadas. Contudo, a Lei da Ficha Limpa estipula que a inelegibilidade inicia-se imediatamente após uma decisão colegiada, a partir da data da prática dos atos ilícitos.
Perseguição política?
No Twitter, Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis classificaram a condenação como um ato de perseguição política. Eduardo descreveu a sentença como um dos “mais escandalosos atos de perseguição política do regime de exceção implementado no Brasil”. Kicis seguiu a mesma linha, afirmando que o caso “causa arrepio” por ser uma clara demonstração de desrespeito ao voto popular e à democracia.
Busca por apoio e estratégias futuras
Durante uma coletiva de imprensa, Zambelli expressou confiança em que conseguiria respaldo de colegiados na Câmara para anular a ação penal que enfrenta. A deputada comentou que “não sobreviveria ao cumprimento da pena na cadeia”, ressaltando suas condições de saúde. Ela já foi internada várias vezes e afirma sofrer de depressão e problemas cardíacos, informando que médicos alertaram que não sobreviveria em um ambiente prisional.
Para tentar contornar a situação, Zambelli considera acolher ajuda dos colegas para votar pela suspensão da ação penal contra si, semelhante ao que ocorreu no caso de Alexandre Ramagem (PL-RJ). Pelas declarações de Zambelli, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), teria dado sinal verde para a articulação.
Resistência e suas implicações
Zambelli, ao mencionar suas dificuldades, afirmou que, se a prisão fosse inevitável, ela se apresentaria, embora expressasse preocupações sobre sua capacidade de cuidado em um ambiente carcerário. Durante a coletiva, ela também fez questão de mostrar apoio religioso ao lado de duas mulheres, demonstrando um lado mais humano em meio à tempestade política.
A ministra do STF, Alexandre de Moraes, foi designada relatora da ação apresentada pela Câmara. O STF agora precisa avaliar se a arguição feita é cabível e se pode interromper o processo legal que envolve a denúncia contra Ribeiro. A decisão sobre a adequação do instrumento judicial empregado poderá influenciar a continuidade do caso Zambelli.
Impactos na política brasileira
A condenação de Carla Zambelli não apenas destaca uma possível ruptura entre a parlamentar e seus aliados, mas também levanta questões sobre a eficácia das estratégias políticas atuais entre os grupos que apoiam o ex-presidente Bolsonaro. Com a diminuição de apoio, especialmente entre os bolsonaristas, é incerto como isso influenciará as próximas movimentações políticas dos grupos que historicamente mantiveram uma união sólida. A situação de Zambelli poderá reformular o cenário político brasileiro, trazendo à tona preocupações sobre como a justiça e a política interagem em tempos de polarização.
Esses eventos não apenas moldam o futuro de Zambelli, mas também repercutem em um Brasil em busca de estabilidade política e institucional, num cenário onde a justiça é constantemente desafiada por narrativas de força política e resistência.