No último dia 15 de maio, uma operação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) resultou na denúncia de nove indivíduos ligados a um novo “escritório do crime”, incluindo agentes da Polícia Militar. Este grupo criminoso, formado por milicianos e PMs, é acusado de vender armas apreendidas e realizar execuções a mando da contravenção carioca.
Investigação do Gaeco e modus operandi
De acordo com o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a nova organização criminosa opera de forma análoga ao antigo “escritório do crime”, que era chefiado por Adriano da Nóbrega, falecido em um confronto policial em 2020. Este antigo grupo era composto pelos principais milicianos do estado, atuando como pistoleiros de aluguel em diversas localidades.
O líder do novo escritório do crime, identificado como ex-PM Thiago Soares Andrade Silva, conhecido pelos apelidos de “ganso” e “batata”, já possuía um histórico criminal extenso, com acusações de assassinatos e outros crimes. Ele e os demais integrantes foram denunciados por organização criminosa armada, sequestro e comércio ilegal de armas e munições.
Operação e mandados de prisão
A operação visou especificamente três policiais militares que atuavam nos Batalhões de Polícia Militar (BPM) 9 (Honório Gurgel) e 39 (Belford Roxo). Os mandados de prisão foram expedidos pelo Juízo da Auditoria da Justiça Militar e pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Capital.
Os denunciados agora enfrentam a Justiça em um momento crítico de combate à corrupção e à criminalidade no Rio de Janeiro. A atuação do MPRJ reflete um engajamento contínuo na desarticulação de organizações criminosas que operam em conluio com agentes do estado.
Atuação criminosa e execuções sumárias
O novo grupo criminoso não se restringia apenas ao comércio ilegal de armas e ao sequestro, mas também estava vinculado a pelo menos dois homicídios com características de execução, realizados à luz do dia e com uso de armamento pesado. A ligação dos integrantes com a contravenção penal e o jogo do bicho é uma preocupação constante das autoridades.
Execução de Fábio Romualdo Mendes
Entre os crimes atribuídos ao novo escritório, destaca-se o assassinato de Fábio Romualdo Mendes, ocorrido em setembro de 2021, na região de Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mendes foi atacado dentro de seu carro por atiradores em uma motocicleta, e o crime foi motivado por disputas de poder relacionadas ao jogo do bicho.
A execução brutal e bem planejada ilustra a audácia do novo grupo que controla o crime organizado na cidade. O assassinato de Mendes mostra como a contravenção e as milícias ainda exercem forte domínio em várias regiões do Rio, desafiando a autoridade e segurança do estado.
Repercussão e desafios na segurança pública
A desarticulação de mais um “escritório do crime” evidencia a persistência da criminalidade organizada no Rio de Janeiro. É um sinal claro de que as instituições precisam redobrar seus esforços para combater não apenas os crimes cometidos por esses grupos, mas também a corrupção dentro das forças de segurança, que muitas vezes facilitam e estão alinhadas a essas práticas criminosas.
A operação do MPRJ é um passo importante para restabelecer a confiança da população nas instituições e no sistema de justiça, e o trabalho contínuo das autoridades será crucial para evitar que novos grupos criminosos surjam em meio ao vácuo deixado por desarticulações anteriores.
Em suma, o combate à criminalidade no Rio de Janeiro é um desafio constante e complexo, que exige uma abordagem coesa entre diversas entidades, além de um comprometimento efetivo na segurança pública, na reforma das forças policiais e na promoção da justiça social.