No início de dezembro de 2023, o cenário político de Tremembé, interior de São Paulo, foi abalado pela tragédia do assassinato de Benedito Cid Ferreira, popularmente conhecido como Cidão da Casa de Ração. O crime, que chocou a comunidade, resultou na condenação de dois homens a até oito anos de prisão após um júri popular ocorrido nos dias 15 e 16 de maio de 2025.
O crime e a investigação
Cidão, presidente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) na cidade, era um pré-candidato a prefeito nas eleições de 2024. Sua morte foi brutal; ele foi alvejado com um tiro na cabeça dentro de sua residência, colocando um alvo no centro de um debate acirrado sobre segurança pública e violência política no Brasil.
O crime aconteceu na noite do dia 11 de dezembro de 2023, quando Cidão retornava do trabalho e foi interceptado em sua casa no bairro Kanegae. Vizinhos ouviram gritos e o impacto de um disparo, levando a polícia a ser chamada. Ao chegar, os policiais encontraram a vítima caída e, mesmo com a rápida chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ele foi declarado morto no local.
Julgar os envolvidos
Após uma investigação que incluiu a coleta de depoimentos de testemunhas e a análise de provas, três suspeitos foram levados a júri popular. O julgamento, que se estendeu pela madrugada, resultou em duas condenações e uma absolvição. Leonardo Ferreira de Barros foi sentenciado a 7 anos de prisão, enquanto Eric Bruno de Souza Escritoro recebeu uma pena de 8 anos e dois meses. O terceiro réu, Patrick Richard de Souza Escritoro, foi absolvido das acusações.
Penas discutidas e reações
No decorrer do júri, houve uma forte controvérsia sobre a qualificação do crime. A promotoria tentou classificar o ato como homicídio qualificado, que acarretaria penas mais severas, porém os jurados decidiram por homicídio simples. Vanessa Rachid, assistente de acusação, expressou descontentamento com o resultado, enfatizando que a decisão do júri não reconheceu a gravidade da ação dos réus, que atacaram a vítima em seu lar, um momento que deveria ser de segurança.
Ela também mencionou a intenção de recorrer e destacou a necessidade de investigar quem estaria por trás do mandado do crime, uma preocupação que retumba em diversos casos de violência política no Brasil.
A defesa dos réus, por outro lado, alegou que seus clientes não estavam presentes no crime e pediu a absolvição, ressaltando a falta de evidências concretas que ligassem diretamente os acusados à execução do crime.
O impacto na comunidade e no cenário político
A morte de Cidão não apenas chocou a população de Tremembé, mas também levantou questões sobre a segurança dos políticos e a crescente tensão no ambiente eleitoral brasileiro. A comunidade local se mobilizou para exigir justiça e esclarecer os reais motivos por trás do assassinato, uma preocupação reforçada pela assistente de acusação.
O caso lança luz sobre a necessidade de uma investigação mais aprofundada, já que muitos crimes políticos permanecem sem resposta no Brasil. O representante da defesa de Leonardo Ferreira de Barros mencionou que o reconhecimento da tese defensiva pelos jurados é um sinal de uma vitória parcial, mas deixou claro que ainda considerarão a possibilidade de recorrer da decisão.
Um chamado à ação
Com o desfecho do júri, a expectativa agora é que as autoridades não apenas coloquem em prática as penas, mas também que avancem nas investigações para encontrar o responsável pela ordem do crime. Enquanto isso, Tremembé e outras comunidades brasileiras continuam a lutar contra a violência e a instabilidade no cenário político, clamando por um ambiente eleitoral mais seguro e justo.
A repercussão da condenação e a busca pelo verdadeiro mandante da violência apontam para a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre a proteção de líderes políticos e a integridade do processo democrático no país.
O que está em jogo agora é não apenas a punição dos culpados, mas também a segurança e a liberdade de expressão no Brasil, pontos fundamentais em qualquer democracia.