A J&F, holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista, firmou um importante acordo nesta quinta-feira que encerra uma disputa de oito anos pelo controle da Eldorado, uma das principais fabricantes de celulose do Brasil. A operação, avaliada em US$ 2,64 bilhões (aproximadamente R$ 15 bilhões), é considerada o maior litígio societário do país, com implicações significativas para o setor de papel e celulose.
O fim de um longo litígio
Em um comunicado conjunto, a J&F e a Paper Excellence, grupo de papel e celulose com sede no Canadá, afirmaram que a transação “atende plenamente aos interesses de ambas as partes e põe fim, de forma plena e definitiva, a todos os processos judiciais e arbitrais em curso”. Este acordo marca um novo capítulo tanto para a J&F quanto para a Eldorado, que agora pode se concentrar em sua estratégia de crescimento sem as amarras legais que a vinham restringindo.
A confiança no mercado brasileiro
A holding dos Batista demonstrou, com essa aquisição, sua confiança não apenas na Eldorado, mas também no potencial do mercado brasileiro. “A Paper Excellence seguirá explorando oportunidades no setor de celulose e papel”, disse a J&F, enfatizando que o acordo representa uma nova fase na relação entre as empresas.
A aquisição foi realizada à vista e, segundo Aguinaldo Filho, presidente da J&F e do Conselho de Administração da Eldorado, “é uma página que viramos de forma amigável”, desejando sucesso aos agora ex-sócios. O valor final da transação ficou um pouco abaixo das expectativas iniciais, que giravam em torno de US$ 2,9 bilhões (R$ 16,3 bilhões).
A Eldorado e seus resultados financeiros
A Eldorado, que é a terceira maior indústria de papel e celulose do Brasil, encerrou o primeiro trimestre de 2024 com uma receita líquida de R$ 1,62 bilhão, refletindo um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o lucro líquido atingiu R$ 459 milhões, o que representa um aumento de 50% na comparação anual. Esses resultados demonstram a robustez da empresa e seu potencial de crescimento nas mãos da J&F.
Histórico da disputa
O conflito entre J&F e Paper Excellence teve início em 2018, após a J&F ter vendido a Eldorado para a Paper, que na época avaliou a empresa em R$ 15 bilhões, incluindo uma dívida de R$ 7,4 bilhões. Apesar de a Paper ter cumprido boa parte do contrato, um desentendimento levou a disputa controversa à Justiça. A Paper ficou com 49,41% das ações da Eldorado, enquanto o restante permaneceu com os Batista.
Nos anos seguintes, a Paper Excellence enfrentou desafios, incluindo a perda de direitos políticos na Eldorado, devido a um pedido do próprio Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No entanto, essa decisão foi revertida recentemente pelo Tribunal de Justiça Federal de São Paulo, que devolveu os direitos à Paper, permitindo um panorama mais favorável para a transação.
Expectativas futuras
Com a venda de sua participação na Eldorado, Jackson Wijaya, da Paper Excellence, deve agora focar em outras oportunidades de aquisição no Brasil. A estratégia do grupo canadense tem se mostrado predominantemente “inorgânica”, ou seja, baseada na compra de ativos, tendo já realizado três aquisições significativas no Canadá desde que se tornou acionista da Eldorado em 2016.
Daniel Gildin, sócio da Fortezza Partners, que atua na área de fusões e aquisições, acredita que a venda da participação da Paper para a J&F desbloqueará o potencial da Eldorado para realizar novos investimentos. “Durante anos, a empresa ficou travada por conta da disputa societária e deixou de aproveitar boas oportunidades de aquisição”, diz Gildin, apontando que agora, a Eldorado pode finalmente se reposicionar no mercado com uma abordagem mais ativa.
O desenrolar dessa nova dinâmica entre as empresas promete movimentar o setor de papel e celulose no Brasil, e muitas expectativas positivas são vislumbradas para o futuro da Eldorado sob a gestão da J&F.
