O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, anunciou que os dirigentes do banco central estão considerando modificações significativas nas diretrizes que orientam suas decisões de política monetária. As mudanças envolveriam a forma como avaliam o déficit de empregos nos Estados Unidos e a abordagem em relação à meta de inflação. Esta revisão ocorre em um contexto de mudanças econômicas, iniciando uma nova fase nas discussões sobre a efetividade das estratégias adotadas após a crise econômica de 2020.
A revisão da política monetária do Fed
Desde 2020, o Fed adotou uma nova abordagem em suas diretrizes, que visava permitir que a inflação superasse levemente a barreira de 2% após períodos de inflação persistentemente baixa. Powell destacou que os dirigentes sinalizaram a necessidade de repensar a linguagem usada em relação aos déficits de empregos e à meta de inflação média. A última revisão da estrutura do Fed foi feita em 2020, quando a instituição adotou sua meta flexível de inflação média, uma tentativa de combater os efeitos da baixa inflação e do desemprego elevado.
Desafios econômicos contemporâneos
Powell reconheceu que a estrutura atual foi formulada em um contexto de taxas de juros e inflação baixas, o que a tornou inadequada para às novas circunstâncias econômicas. Ele ressaltou que é fundamental garantir que a nova declaração de consensual seja resistente a uma ampla gama de condições econômicas. As novas análises indicarão como o Fed pretende lidar com um ambiente econômico que se transforma rapidamente, com choques de oferta mais frequentes e persistentes.
Além disso, o presidente do Fed abordou a chamada “barreira inferior zero”, que se refere à limitação do espaço que o banco central tem para reduzir as taxas de juros quando estas já estão muito baixas. Powell afirmou que essa não é mais a principal preocupação, mas reiterou que será prudente continuar a estrutura que aborda esse risco.
Impactos das revisões nas decisões do Fed
As autoridades do Fed iniciaram uma revisão periódica das estratégias de longo prazo, que serve como um guia para o Comitê Federal de Mercado Aberto. Este comitê tem a responsabilidade de definir as taxas de juros e trabalhar para alcançar as metas de preços estáveis e máximo emprego estabelecidas pelo Congresso. As novas diretrizes são esperadas até o final de setembro e podem influenciar significamente as decisões futuras sobre as taxas de juros, afetando diretamente a economia dos Estados Unidos.
Powell comentou sobre o câmbio nessas diretrizes, enfatizando a importância de manter as expectativas de inflação dos americanos próximas à meta de 2%. Embora comprometido com essa meta, ele admitiu que o ambiente econômico mudou, o que exigirá uma nova avaliação das estratégias empregadas pelo Fed. “Estamos avaliando questões que antes não eram uma prioridade, considerando que o mundo econômico e as dificuldades que ele impõe ao nosso trabalho mudaram,” explicou Powell.
O papel da inflação na política monetária
Um ponto debatido por economistas é a forma como a inflação tem sido tratada após o impacto da pandemia. Algumas críticas foram direcionadas à abordagem do Fed, a qual pode ter atrasado o aumento das taxas de juros em resposta à inflação crescente. Contudo, Powell não atribuiu o atraso na resposta a falhas na estrutura de políticas, mas, sim, ao julgamento das autoridades que inicialmente acreditavam que a inflação provocada pela pandemia seria temporária.
A revisão se torna cada vez mais imprescindível frente aos novos desafios impostos pela economia global e pelas flutuações do mercado financeiro. Espera-se que as novas diretrizes ofereçam mais robustez e flexibilidade no enfrentamento de futuras crises econômicas, com um enfoque mais dinâmico no déficit de empregos e na inflação média que busca ser alcançada no longo prazo.
Com o cenário econômico em constante mudança, os próximos meses são cruciais para a definição das estratégias que o Fed irá adotar. As avaliações em curso têm o potencial de moldar a trajetória econômica dos Estados Unidos e do mundo, uma vez que o Fed é um dos principais influenciadores das políticas monetárias globais.
