O superávit primário do setor público brasileiro chegou a R$ 104,1 bilhões em janeiro de 2025, segundo dados divulgados pelo Banco Central. O resultado representa uma leve melhora em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo positivo foi de R$ 102,1 bilhões. Esse desempenho reforça a tendência de recuperação das contas públicas, mesmo em um cenário econômico desafiador.

Governo Central e estados registram superávit, enquanto estatais têm déficit
Os números detalhados pelo Banco Central mostram que o Governo Central, que engloba o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o próprio Banco Central, foi responsável pela maior parte do superávit, registrando um saldo positivo de R$ 83,1 bilhões.
Além disso, os governos estaduais e municipais também tiveram um desempenho favorável, somando um superávit de R$ 22 bilhões no mês. Esse resultado demonstra um esforço conjunto das administrações públicas para manter o equilíbrio fiscal e controlar os gastos.
Por outro lado, as empresas estatais apresentaram um déficit de R$ 1 bilhão em janeiro, refletindo desafios no setor. Esse saldo negativo indica que algumas estatais ainda enfrentam dificuldades financeiras, o que pode impactar o cenário fiscal do país no longo prazo.
Déficit primário acumulado ainda preocupa
Apesar do resultado positivo em janeiro, o déficit primário acumulado nos últimos 12 meses atingiu R$ 45,6 bilhões, o equivalente a 0,38% do PIB. Esse valor mostra que, embora haja sinais de recuperação, o Brasil ainda enfrenta desafios para equilibrar suas contas públicas.
O déficit primário ocorre quando os gastos do governo superam as receitas antes do pagamento de juros da dívida. Quando esse déficit se prolonga por muito tempo, o país pode enfrentar dificuldades para financiar suas obrigações sem aumentar sua dívida.
Queda nos juros nominais favorece contas públicas
Outro dado positivo apresentado pelo Banco Central foi a redução dos juros nominais do setor público consolidado. Em janeiro de 2025, esses juros somaram R$ 40,4 bilhões, uma queda expressiva em comparação aos R$ 79,9 bilhões registrados no mesmo mês do ano anterior.
A redução dos juros foi influenciada pelo desempenho das operações de swap cambial, que geraram um ganho de R$ 36 bilhões para o governo. No ano passado, essas operações resultaram em uma perda de R$ 10 bilhões, o que impactou negativamente as contas públicas.
Mesmo com essa redução mensal, no acumulado de 12 meses os juros nominais totalizaram R$ 910,9 bilhões, correspondendo a 7,67% do PIB. Esse valor representa um aumento em relação aos R$ 745,9 bilhões registrados nos 12 meses até janeiro de 2024, quando os juros somavam 6,77% do PIB.
Superávit primário do setor público brasileiro
A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) encerrou janeiro de 2025 em R$ 7,2 trilhões, representando 60,8% do PIB. Esse resultado foi influenciado pelo superávit primário do mês, pela valorização cambial e pelo crescimento do PIB nominal.
Já a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que inclui o governo federal, o INSS e os governos estaduais e municipais, caiu para 75,3% do PIB, totalizando R$ 8,9 trilhões. Essa redução de 0,8 ponto percentual em relação ao mês anterior se deve, principalmente, aos resgates líquidos de dívida e à valorização do real frente ao dólar.
Apesar dessa queda, a dívida pública ainda é um fator de atenção para a economia brasileira. Um nível elevado de endividamento pode dificultar o acesso a crédito e aumentar os custos do financiamento público no futuro.
Perspectivas para as contas públicas
O Banco Central destacou que o desempenho das contas públicas será um fator crucial para a definição das políticas econômicas do país nos próximos meses. Manter o superávit primário e controlar o crescimento da dívida serão desafios fundamentais para garantir a estabilidade fiscal.
Além disso, a evolução da política monetária e das taxas de juros será determinante para o equilíbrio das contas públicas. A redução dos juros nominais observada em janeiro é um sinal positivo, mas ainda é necessário um esforço contínuo para consolidar essa tendência e garantir um crescimento econômico sustentável.
O que é superávit primário?
O superávit primário acontece quando o governo arrecada mais dinheiro do que gasta, sem contar os juros da dívida pública. Isso significa que o país conseguiu fechar suas contas no azul, o que ajuda a reduzir a necessidade de pegar novos empréstimos e a controlar a dívida pública. Quando há superávit, o governo tem mais espaço para investir em áreas como saúde, educação e infraestrutura. Esse resultado é um sinal positivo para a economia, pois mostra que as finanças do país estão equilibradas. Porém, para manter esse equilíbrio, é necessário um bom controle dos gastos públicos e aumento da arrecadação.
Com esses resultados, o Brasil dá sinais de recuperação na gestão fiscal, mas ainda precisa adotar medidas estratégicas para manter a trajetória positiva. O equilíbrio das contas públicas dependerá de políticas fiscais sólidas e da continuidade do controle de gastos, garantindo um cenário econômico mais previsível e favorável ao desenvolvimento do país.
Superávit primário
Contas públicas
Déficit fiscal
Dívida pública