Goiania – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), ainda aparece com baixa intenção de voto nas pesquisas presidenciais, mas sua estratégia política pode ajudá-lo a ganhar força nos próximos meses. A aliança com Gusttavo Lima, a possível formação de uma federação partidária e a ausência de concorrentes fortes além de Jair Bolsonaro, dentro da direita, criam um cenário favorável para seu crescimento eleitoral.
Jogada estratégica com Gusttavo Lima
Na pesquisa de intenção de voto divulgada em 3 de fevereiro de 2025, Caiado apareceu com 3% das intenções. O percentual atribuído a Gusttavo Lima, foi de 13%, que ainda não tem experiência política, mas tem grande visibilidade nacional.
A movimentação do governador ao lançar Gusttavo Lima como presidenciável pode ter um objetivo tático: dar visibilidade ao cantor no cenário eleitoral para que ele, mais à frente, desista da candidatura e apoie Caiado. Com isso, o governador de Goiás poderia absorver os eleitores atraídos pela imagem do sertanejo, ampliando seu alcance nacional.
Além disso, se Caiado perceber que não conseguirá se viabilizar para a Presidência, pode utilizar essa visibilidade para disputar uma vaga ao Senado por Goiás. Esse tipo de recuo estratégico já ocorreu em eleições anteriores e poderia garantir a ele um futuro político sólido, mesmo sem a Presidência.
A força da federação União Brasil, Republicanos e PP
Outro fator que pode impulsionar Ronaldo Caiado é a possível federação entre União Brasil, Republicanos e PP. Essa união partidária criaria um bloco de peso no cenário eleitoral e poderia consolidar Caiado como o candidato natural da direita – desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro permaneça inelegível.
Fonte de Brasília afirmou à reportagem que a federção avança silenciosamente nos bastidores, aguardando o desfecho da situação do ex-presidente Bolsonaro que foi denunciado pela PGR em razão do 8 de janeiro.
Atualmente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que seria um dos principais concorrentes de Caiado na direita, tem grande chance de não disputar a eleição presidencial. Isso abre espaço para que o União Brasil, junto aos aliados da federação, lance Caiado como candidato ao Palácio do Planalto.
Se Bolsonaro não conseguir reverter sua inelegibilidade, a tendência é que esse grupo apoie um nome próprio – e, com o cenário atual, esse nome seria Caiado. Caso Bolsonaro volte ao jogo, a federação poderia redirecionar o apoio ao ex-presidente.
Lançamento na Bahia e apoio de ACM Neto
O local escolhido para o lançamento da pré-candidatura de Caiado, em Salvador, não foi por acaso. O evento, marcado para 4 de abril de 2025, terá a presença de ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e uma das principais lideranças do União Brasil.
ACM Neto tem forte influência política no Nordeste e dentro do partido, o que pode ser fundamental para ampliar o alcance de Caiado. A Bahia é um dos estados mais populosos do Brasil e tradicionalmente vota em candidatos de centro-esquerda. Se Caiado conseguir crescer na região, pode aumentar suas chances de se tornar competitivo nacionalmente.
Além disso, a presença de ACM Neto reforça sua conexão com o União Brasil e sua estrutura partidária. Embora o presidente formal do partido seja Antonio Rueda, nos bastidores especula-se que é ACM Neto quem realmente conduz as articulações políticas da legenda.
Cenário pode favorecer Caiado?
Mesmo partindo de um patamar baixo nas pesquisas, Caiado tem elementos que podem ajudá-lo a crescer:
- Apoio de Gusttavo Lima pode atrair eleitores que ainda não o conhecem.
- Federação União Brasil, Republicanos e PP pode garantir estrutura partidária e tempo de TV.
- Saída de Tarcísio da disputa abre espaço para que Caiado seja o principal nome da direita tradicional.
- Incerteza sobre Bolsonaro faz com que o União Brasil precise consolidar um candidato próprio.
- Apoio de ACM Neto e força no Nordeste podem ampliar sua aceitação fora da base tradicional da direita.
O grande desafio de Ronaldo Caiado será ampliar sua base de apoio e melhorar sua colocação nas pesquisas. Até agora, ele ainda não se consolidou como um nome forte na corrida presidencial, mas suas movimentações políticas indicam que pode crescer ao longo dos próximos meses.
