O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (18) que um eventual atraso na assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia pode viabilizar a conclusão do tratado. Segundo ele, é necessário mais tempo para esclarecer os agricultores europeus de que eles não serão prejudicados pelo pacto.
Razões para o adiamento do acordo Mercosul–UE
Antes da comunicação oficial da Comissão Europeia, Haddad destacou que não há prejuízo para agricultores italianos e franceses, uma vez que o texto negociado contempla salvaguardas específicas. “Vale a pena insistir um pouco mais nessa minha percepção”, afirmou o ministro em café com jornalistas, ressaltando que o atraso pode ser útil para esclarecer questões de ordem política e sensibilidades internas.
A formalização do acordo, inicialmente prevista para este sábado (20) durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu (PR), foi adiada para janeiro. Países europeus, especialmente França e Itália, vêm resistindo ao pacto sob pressão de agricultores contrários ao tratado.
Contexto político e geopolítica do acordo
Haddad reforçou que o acordo transcende aspectos comerciais, possuindo uma forte relevância geopolítica. “O que está em jogo é um acordo de natureza política, com um sinal claro para o mundo de que não podemos voltar a um ambiente de tensão entre blocos fechados”, afirmou.
O ministro enviou uma mensagem ao presidente francês Emmanuel Macron, destacando que o pacto representa uma oportunidade de fortalecimento da relação internacional, além de ser um avanço no diálogo entre os blocos econômicos.
Posição do Brasil e apoio de Lula
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Segundo Lula, ela não é contrária ao acordo, mas enfrenta dificuldades políticas internas e solicitou até um mês para convencer os agricultores do país a apoiar a assinatura.
“Ela pediu paciência de uma semana, dez dias, no máximo um mês”, afirmou Lula. A postura da Itália ocorre em meio à articulação da França e de outros países europeus, que vêm apoiando o adiamento do pacto.
Impacto econômico e potencial do acordo
O tratado, negociado há mais de duas décadas, preveia criar uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, englobando cerca de 722 milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto de aproximadamente US$ 22 trilhões, destacando sua importância estratégica.
Especialistas avaliam que o atraso na assinatura é temporário, e que o acordo ainda possui potencial de impulsionar o comércio e o desenvolvimento econômico da região.
Perspectivas futuras e próximos passos
A Comissão Europeia comunicou que a formalização do tratado foi adiada para janeiro, após resistência de alguns países. O governo brasileiro e os demais membros do Mercosul continuam buscando alinhar posições para avançar no processo de assinatura, que poderá ocorrer após esclarecimentos adicionais às partes envolvidas.
Mais detalhes sobre o andamento do acordo podem ser acompanhados no link oficial da Agência Brasil.



