A Santista, tradicional fabricante têxtil fundada em 1929 e atualmente controlada por investidores brasileiros, anunciou o lançamento do Bio Denim, um jeans biodegradável que se decomporá em entre oito a dez anos em aterros sanitários. A iniciativa reforça os esforços de inovação e sustentabilidade da companhia, que vem apostando na modernização de seu portfólio.
Inovação e recuperação financeira impulsionam nova fase da Santista
O projeto do Bio Denim resulta de um investimento de cerca de R$ 300 milhões realizado nos últimos cinco anos, focado em modernização de máquinas, capacitação e incorporação de novas tecnologias, conforme explica Newton Coelho, diretor de Negócios da Santista. Segundo ele, a estratégia também sinaliza a recuperação financeira da empresa, que passou por mudanças de controle após a venda para o grupo mexicano Siete Leguas, em 2018, e posteriormente foi adquirida por um grupo de investidores brasileiros ao fim de 2020.
Compromisso com sustentabilidade na moda
— Do investimento, feito de 2020 para cá, ao menos dois terços foram para máquinas e equipamentos. O restante, para capacitação e segurança, e já olhando para incorporação de novas tecnologias — detalha Coelho. — Nesses cinco anos, já tivemos um ganho de produtividade de 40% por pessoa, e há espaço para avançar ainda mais, com previsão de crescimento de 5% neste ano em comparação a 2024.
A empresa tem ampliado seu foco em sustentabilidade, já que atualmente a moda é vista como uma área que deixou de ser apenas um acessório para se transformar numa questão estratégica no setor.
Sustentabilidade como pilar da inovação da Santista
Além do Bio Denim, a companhia desenvolve produtos como a linha Re-Power, formada por jeans produzidos a partir de fibras de garrafas PET recicladas, e processos internos de reciclagem de algodão. A busca por soluções que reduzam o impacto ambiental também incluiu a criação da linha Eco Laundry, com equipamentos que reduzem em até 70% o uso de água na lavagem de jeans, além de tecidos que dispensam lavagem antes do corte e costura.
Segundo Newton Coelho, o projeto do jeans biodegradável tem como principal diferencial a fibra que ativa bactérias capazes de promover sua decomposição, mas somente em condições de aterro sanitário, promovendo uma pegada ambiental menor ao descarte.
Desafios econômicos e perspectivas futuras
Apesar das atuais dificuldades, como o aumento das taxas de juros e a alta nos custos de capital, a Santista registrou um pequeno crescimento no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024. O executivo ressalta que a empresa mantém o controle do endividamento e avança com passos cautelosos.
— No primeiro semestre de 2025, já tivemos um pequeno crescimento em relação a 2024. Embora o cenário continue desafiador, estamos investindo em inovação e buscando ampliar nossa participação no mercado interno e potencialmente na exportação.
Mercado internacional e oportunidades
Atualmente, cerca de 5% da produção da Santista é exportada, mesmo percentual que poderia aumentar com o fortalecimento da base na Argentina, que suspendeu as exportações e abastece o mercado interno. Newton Coelho vê a possibilidade de transformar a unidade argentina em uma base de exportação para os Estados Unidos, principalmente devido às novas barreiras comerciais impostas por Washington.
— Potencialmente, podemos transformar a Argentina numa plataforma exportadora, principalmente com as dificuldades nos EUA, que não afetam nossa operação brasileira atualmente. Ainda assim, a estratégia de exportação na Argentina pode evoluir, reforçando nossa presença internacional, disse Coelho.
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