A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para cima suas projeções de crescimento global para 2025, apesar do impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e das incertezas no cenário internacional. As novas estimativas indicam uma melhora na expectativa de expansão, impulsionada por investimentos em inteligência artificial na China e estímulos fiscais, especialmente nos EUA.
Perspectivas de crescimento e os efeitos das tarifas
De acordo com a OCDE, o crescimento mundial deve atingir 3,2% neste ano, frente aos 2,9% previstos em junho. Para 2026, a expectativa é de uma desaceleração, com expansão de 2,9%. Os Estados Unidos deverão avançar 1,8% em 2025, uma alta em relação aos 1,6% estimados anteriormente, mas a previsão para 2026 caiu para 1,5%, influenciada pelos aumentos tarifários e a alta incerteza econômica.
Impactos na economia brasileira
Para o Brasil, a OCDE projeta crescimento de 2,3% neste ano, uma melhora frente os 2,1% previstos em junho, porém abaixo dos 3,4% de 2024. A perspectiva para 2026 é de uma desaceleração menor, com expansão estimada em 1,7%, refletindo a tendência global de desaceleração.
Tarifas elevadas e suas implicações
A organização destacou que o impacto das tarifas impostas pelos EUA, que atingem atualmente 19,5% – a mais alta desde 1933 –, ainda será sentido na economia mundial. Segundo a OCDE, isso representa um golpe significativo à economia dos EUA, que por sua vez influencia outros países.
Investimentos e estímulos na China e EUA
Nos Estados Unidos, houve forte avanço em investimentos em inteligência artificial, enquanto a China beneficiou-se de estímulos fiscais, o que ajuda a impulsionar a economia global. Os esforços de estímulo na China e o aumento nos investimentos tecnológicos nos EUA têm contribuído para mitigar parcialmente os efeitos das tarifas e fortalecer o crescimento global.
Perspectivas futuras e desafios
O documento também reforçou que, na maioria das principais economias, a inflação deve diminuir com o crescimento mais lento e a redução das pressões sobre o mercado de trabalho. Ainda assim, os bancos centrais devem permanecer vigilantes diante das incertezas, com especial atenção às políticas monetárias.
Quanto ao Federal Reserve, a OCDE prevê uma redução gradual das taxas de juros nos EUA, com até três cortes adicionais ao longo do próximo ano, levando a uma taxa entre 3,25% e 3,5%, à medida que o crescimento desacelera e o mercado de trabalho se ajusta.
Reflexões sobre o comércio e a estabilidade econômica
Ao comentar a situação, Álvaro Santos Pereira, economista-chefe da OCDE, afirmou que “é importante que os países continuem dialogando e consigam firmar acordos para reduzir barreiras comerciais, porque sabemos que mais comércio é bom para o crescimento”.
Além disso, as pesquisas indicam sinais de moderação no mercado de emprego, enquanto a inflação deve diminuir na maioria das principais economias do mundo. Entretanto, os analistas alertam para a necessidade de cautela, pois as consequências das mudanças de política comercial ainda estão sendo avaliadas profundamente.