No último domingo (21/9), o campo político da esquerda se organizou em uma série de manifestações em todo o Brasil, com o objetivo de canalizar a insatisfação popular em relação à anistia para envolvidos em atos antidemocráticos e à PEC da Blindagem. Esses atos foram convocados por uma coalizão de políticos, movimentos sociais, artistas e influenciadores, em um esforço para reforçar o poder de mobilização da esquerda, que tem enfrentado dificuldades para atrair grandes públicos nas últimas manifestações, especialmente quando comparada à direita.
Manifestações: um termômetro político
As mobilizações deste domingo ocorreram em um momento de crescente tensão, especialmente após a aprovação da urgência do texto da Anistia na Câmara dos Deputados. O projeto, que pretende conceder anistia a ações consideradas antidemocráticas, recebeu 311 votos a favor e 163 contra. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi designado relator da proposta, aumentando a preocupação entre os manifestantes sobre as possíveis consequências políticas das decisões parlamentares.
Guilherme Boulos, deputado federal pelo PSol de São Paulo, destaca-se como uma das figuras proeminentes na organização dos atos. No Rio de Janeiro, o cantor Caetano Veloso também se juntou ao movimento, prometendo trazer visibilidade e engajamento ao ato que ocorrerá em Copacabana. Em Brasília, os manifestantes se reuniram em frente ao Museu da República a partir das 9h.
A mobilização e suas lideranças
Embora a expectativa fosse alta para as mobilizações, a presença do presidente Lula e de outros membros do governo foi notoriamente ausente, levantando questões sobre a estratégia e a autonomia da esquerda em relação ao atual governo. Isso pode refletir um desejo de distanciar ações de protesto de elementos governamentais, permitindo que as manifestações mantenham um tom mais crítico e independente.
Os organizadores afirmam que as manifestações são uma resposta necessária às iniciativas legislativas em andamento, que eles acreditam que podem enfraquecer a democracia no Brasil. A mobilização ressalta a urgência que muitos cidadãos sentem sobre a proteção da democracia e seus valores fundamentais.
Tramitação da Anistia e suas implicações
A tramitação da Anistia na Câmara dos Deputados é um ponto central de discussão entre aqueles que apoiam e aqueles que se opõem ao projeto. A resistência de setores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que exigem um texto mais abrangente e que atenda às suas demandas, continua a ser um obstáculo significativo. Além disso, qualquer aprovação na Câmara ainda precisa superar o crivo do Senado Federal, onde a maioria dos senadores também hesita em apoiar uma anistia que poderia ser vista como uma violação dos princípios jurídicos.
Há também a preocupação de que, caso o projeto passe, o Supremo Tribunal Federal (STF) possa considerar a proposta inconstitucional, um risco que não pode ser ignorado. Até o momento, porém, não existem indicações claras de que tal cenário se concretizará.
Onde acontecerão os atos?
Norte
– Belém: 9h – Praça da República
– Macapá: 16h – Teatro das Bacabeiras
Nordeste
– Fortaleza: 15h30 – Estátua de Iracema Guardiã
– Recife: 14h – Rua da Aurora
– Natal: 15h – Midway
– Salvador: 9h – Morro do Cristo
– Aracaju: 16h – Praia da Cinelândia
Sudeste
– Rio de Janeiro: 14h – Posto 5 de Copacabana
– São Paulo: 14h – MASP
– Belo Horizonte: 9h – Praça Raul Soares
– Ribeirão Preto: 15h30 – Praça Spadoni
– Uberlândia: 9h – Feira Livre do Luizote
– Santos: 16h – Ana Costa
– Juiz de Fora: 10h – Praça da Estação
Centro-Oeste
– Brasília: 9h – Museu da República
– Goiânia: 16h – Praça Universitária
– Cuiabá: 14h – Praça Alencastro
Sul
– Curitiba: 14h – Boca Maldita
– Porto Alegre: 14h – Redenção
As mobilizações refletem um intenso desejo de resistência e uma tentativa de revitalizar a ação política da esquerda no Brasil, além de um apelo urgente à proteção da democracia em tempos incertos.