A saúde pública de Teresina enfrenta uma crise significativa, conforme relatado pela presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Leopoldina Cipriano. Em uma audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Bilionária, realizada na última quarta-feira (17), Cipriano apontou que a atual gestão herdou uma dívida de pelo menos R$ 175 milhões da administração anterior, uma situação que complica ainda mais os desafios enfrentados pela saúde na capital piauiense.
Dívidas deixadas pela gestão anterior
De acordo com a presidente da FMS, a maior parte da dívida ainda permanece não paga pelo governo atual. Ela destacou que as despesas da gestão anterior incluem:
- R$ 91,8 milhões em despesas empenhadas, que foram contratadas, mas não possuem comprovação completa;
- R$ 65 milhões em despesas liquidadas, que estão comprovadas, mas não foram pagas;
- R$ 18,5 milhões em despesas indenizatórias, que são gastos realizados sem autorização formal.
“Alguns gastos essenciais, como o oxigênio nos hospitais, não poderiam deixar de ser pagos e foram renegociados. Os outros débitos estão passando por auditoria e não temos orçamento para quitá-los, exceto os que forem reconhecidos ou considerados de extrema necessidade”, comentou Leopoldina.
Desafios diário nas unidades de saúde
Além das dívidas elevadas, a falta de insumos e medicamentos nos hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBSs) é uma realidade angustiante. A presidente da FMS afirmou que fornecedores que venceram licitações neste ano estão se negando a entregar produtos devido a débitos da gestão anterior. “Temos um fornecedor que assinou o empenho em janeiro deste ano e ainda não entregou a medicação”, relatou. Diante desse cenário, a FMS se viu obrigada a cancelar as compras de medicamentos não entregues há mais de 90 dias e convocar as empresas que ficaram em segundo lugar nas licitações.
Medidas para equilibrar as contas da FMS
Com o objetivo de reequilibrar as contas da FMS, Leopoldina revelou que a gestão tem tomado medidas como renegociar dívidas e buscar uma redução nos valores dos contratos de serviços. “Estamos tentando buscar apoio para diminuir o uso do orçamento municipal na saúde. Atualmente, Teresina investe 35% dos recursos na saúde, enquanto a Constituição exige apenas 15%”, disse.
Essa situação desfavorável não só prejudica os serviços prestados à população, como também gera um impasse com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). Como resultado, Teresina poderá perder R$ 69 milhões por mês na área da saúde, comprometendo ainda mais o atendimento à população.
Impacto nas contas públicas e na qualidade do atendimento
A situação exposta por Leopoldina Cipriano na CPI reflete um problema muito maior, onde a saúde pública se vê à mercê de dívidas e da má gestão anterior. A falta de medicamentos e insumos essenciais afeta diretamente o atendimento aos pacientes, gerando atrasos e complicações no tratamento de doenças. A necessidade urgente de uma reestruturação financeira e administrativa é clara, se a cidade quiser proporcionar um serviço de saúde de qualidade à sua população.
À medida que a CPI avança e as investigações continuam, a expectativa é que os responsáveis pela gestão anterior sejam chamados a prestar contas. Para que a saúde pública de Teresina se recupere, é imperativo que as dívidas sejam resolvidas e uma nova abordagem seja adotada para garantir o funcionamento adequado das Unidades de Saúde.
O que está em jogo, afinal, não são apenas números ou contas, mas a vida e o bem-estar da população de Teresina. A sociedade acompanha com expectativa estas investigações em busca de soluções que realmente façam a diferença na saúde pública local.
Para mais detalhes sobre a situação atual da saúde em Teresina e o andamento das discussões na CPI, confira a cobertura completa no site do G1 Piauí.