O golpe do falso advogado tem ganhado notoriedade em Palmas, no estado do Tocantins, onde uma moradora ficou com um prejuízo de R$ 28 mil após ser enganada por bandidos que se passaram por sua advogada. O crime, que utiliza dados falsos e informações verdadeiras para enganar as vítimas, tem se tornado cada vez mais comum na região.
O que ocorreu com a vítima
A mulher, que optou por não se identificar, relatou que recebeu uma ligação de um suposto advogado que a informou sobre um auxílio-doença que havia sido concedido a sua mãe. Segundo ela, o criminoso, que falava de forma convincente e possuía detalhes do processo, pediu que ela realizasse uma configuração em sua conta, momento em que conseguiu aplicar o golpe.
“Eu questionava e a advogada dizia que estava no tempo real. Ele ia, voltava, entrava em um aplicativo, e dizia que estava fazendo a configuração. Eu não consegui perceber e acabei perdendo todo esse dinheiro”, revelou a vítima em entrevista à TV Anhanguera.
Como funcionam os golpes
De acordo com informações da mulher, duas pessoas estavam envolvidas no crime: uma fazia a ligação e a outra se passava pela advogada através do WhatsApp. Após o golpe, a vítima percebeu que o número utilizado por um dos criminosos continuava ativo e, aparentemente, era usado por outros três advogados.
“Esse criminoso continua ativo, mudando as fotos dos doutores para aplicar o golpe em outras vítimas. Eu assemblei provas disso e sei de outras pessoas que foram enganadas”, afirmou.
A resposta das autoridades
A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins está atenta a essa modalidade criminosa e vem realizando operações para desarticular as organizações envolvidas. Nos últimos meses, várias ações foram tomadas, e a polícia já indiciou 47 pessoas suspeitas de ter aplicado esses golpes na região. A estimativa é de que o prejuízo total causado a essas vítimas já tenha alcançado cerca de R$ 150 mil.
Segundo a advogada previdenciária Fernanda Fernandes, esses golpistas têm encontrado maior facilidade para aplicar os golpes no setor previdenciário, que envolve transações financeiras que, muitas vezes, ainda não foram concluídas.
Consequências para os advogados
Além do dano financeiro aos cidadãos, os crimes afetam também os advogados que têm suas identidades usadas sem autorização. Muitas vezes, esses profissionais precisam esclarecer aos clientes que não estão envolvidos em nenhuma fraude, fazendo com que a reputação deles também esteja em risco. “Até que o cliente compreenda que não temos relação com esses criminosos, acabamos sendo prejudicados igualmente”, lamentou Fernanda.
Prevenção contra golpes
Conforme o especialista em crimes cibernéticos, Delgado Júnior, as vítimas frequentemente se tornam alvos em situações de vulnerabilidade, como a expectativa para receber valores de processos longos. O especialista enfatiza a importância de sempre confirmar a veracidade de qualquer solicitação de pagamento através de métodos diretos, como uma ligação ou vídeo chamada ao advogado real.
“As pessoas devem desconfiar de qualquer pedido de valor urgente realizado por mensagens. Sempre que houver necessidade de confirmar a origem do pedido, recomenda-se não ceder à pressão de fazer transferências antes do devido cuidado”, aconselhou Delgado.
Ações da Secretaria da Segurança Pública
A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins, através da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos, está constantemente monitorando e combatendo esse tipo de crime. A operação que resultou no indiciamento de 47 pessoas, chamada “Espada de Themis”, é um exemplo das ações proativas da polícia, visando desarticular essas redes de estelionato.
A SSP reforça que, caso a população perceba algum trajeto suspeito, deve informar imediatamente às autoridades para que possam ser tomadas as devidas providências. “Mexer com dados e informações de processos é irresponsável e precisamos exercer nossa cidadania com cuidado e vigilância em relação a essas situações”, concluiu o delegado responsável pela DRCC.
A situação dos golpes relacionados à advocacia é um tema sério e que merece atenção não apenas das autoridades, mas também da sociedade em geral, que deve aprender a se proteger contra esses crimes recorrentes.
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