À medida que os casos de Covid-19 começam a subir em várias regiões do Brasil e do mundo, médicos alertam para riscos crescentes devido às dificuldades de acesso às vacinas, especialmente com as novas regras restritivas e a chegada do clima mais frio, que aumenta o compartilhamento de vírus em ambientes fechados.
Vacinação mais difícil e confusa devido a regras variadas
Enquanto no ano passado a vacinação contra Covid era acessível a todas as pessoas acima de 6 meses, este ano regras mais rígidas e específicas criam obstáculos para quem deseja se proteger. Segundo o CDC, apenas idosos acima de 65 anos ou pessoas com condições de saúde específicas podem receber o imunizante, mas as orientações variam de estado para estado, o que aumenta a confusão geral.
O médico Oni Blackstock, especialista em saúde racial e justiça social, afirma que essa situação transformou a vacinação em uma “caçada aos direitos de imunização” dependendo da localização. Países como Nova York permitem a vacinação sem restrições, enquanto outros, como Geórgia e Louisiana, exigem prescrições médicas, dificultando o acesso para quem precisa.
Risco aumentado para crianças menores de 2 anos
Para pediatras, a maior preocupação recai sobre crianças pequenas, especialmente menores de 2 anos, que ainda têm acesso limitado às vacinas. A Dra. Anita Patel explica que esses pequenos, com ou sem doenças de base, continuam em risco de formas graves de Covid, precisando de hospitalizações frequentes, inclusive em unidades de terapia intensiva e com necessidade de ventilação em casos mais graves.
Importância da vacina para evitar long COVID e complicações
Estudos indicam que vacinar-se reduz significativamente as chances de desenvolver long COVID, uma condição debilitante que causa fadiga, dores, dificuldades respiratórias e outros sintomas que podem durar meses ou anos após a infecção. A médica Anita Patel reforça que a convocação à vacinação é ainda mais urgente para evitar sequelas a longo prazo.
Ela alerta que a confusão em relação à elegibilidade pode aumentar a hesitação vacinal, agravando o risco de contaminações graves e de complicações como formação de coágulos e acidentes vasculares cerebrais, especialmente entre grupos vulneráveis.
Desigualdade no acesso às vacinas
Outro ponto preocupante destacado por especialistas é a disparidade de acesso ao imunizante, que pode piorar devido à necessidade de prescrição médica em alguns locais. Dr. Eric Burnett destaca que muitos brasileiros, especialmente os desassistidos, não possuem médicos de referência ou meios acessíveis para conseguir a vacina, o que amplia as desigualdades em saúde.
Hospitais sob pressão nesta temporada de doenças respiratórias
Com a chegada do frio, espera-se aumento de doenças respiratórias, agravado pelo acesso fragmentado às vacinas contra Covid, além de um sistema de saúde já sobrecarregado. Burnett observa que o aumento de visitas às emergências e a continuidade de problemas de saúde decorrentes da pandemia dificultam o atendimento de outros casos, como acidentes e cirurgias.
Esse cenário de superlotação e dificuldades de acesso impacta a saúde pública de forma alarmante, criando um ciclo de agravamento que preocupa profissionais de saúde e autoridades.
Perspectivas para o futuro
Especialistas alertam que, para evitar uma crise ainda maior durante o inverno, é fundamental clareza nas orientações de vacinação e reforço na atenção primária. Além disso, a educação sobre a importância de imunizar-se deve ser prioridade para combater a desinformação e reduzir a resistência ao imunizante.
A expectativa é de que a vacinação, mesmo com obstáculos e regras variadas, continue sendo uma das principais estratégias para conter a pandemia e evitar sequelas graves em toda a população, especialmente nas faixas mais vulneráveis.