Brasil, 1 de julho de 2025
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Perda de dados de satélite do Pentágono pode comprometer previsões de furacões

Problemas em prever furacões se agravam com a paralisação do compartilhamento de dados cruciais do Pentágono, alertam meteorologistas.

Os meteorologistas enfrentam um novo desafio na previsão de furacões com a decisão do Pentágono de interromper o compartilhamento de dados de satélites governamentais, que são cruciais para o monitoramento das tempestades durante a noite. A medida, prevista para ser implementada até o final de julho, representa uma preocupação com os chamados “surpresas do amanhecer”, quando uma tempestade se intensifica ou muda de trajetória inesperadamente durante a escuridão.

A importância dos dados de microwave na meteorologia

Quando o sol se põe sobre um ciclone tropical, os meteorologistas normalmente continuam a monitorar sua força e desenvolvimento por meio de frequências de micro-ondas, utilizando satélites do Departamento de Defesa. Entretanto, a decisão de interromper o acesso a esses dados foi prolongada, mas ainda assim programada para ser implementada até 31 de julho, conforme anunciou um escritório da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

A diretora da divisão de ciências da Terra da NASA, Karen St. Germain, expressou suas preocupações sobre a perda dos dados de micro-ondas, ressaltando que muitos cientistas acreditam que essa interrupção poderá retroceder as capacidades de previsão em várias décadas.

Riscos de intensificação rápida dos furacões

Os dados de micro-ondas se tornaram particularmente valiosos em um momento em que mais furacões estão passando por intensificações rápidas, transformando-se de tempestades tropicais ou furacões de baixa intensidade para tempestades de Categoria 4 ou 5 em questão de horas. Robert Rohde, cientista-chefe da Berkeley Earth, alertou que a perda desses dados pode levar a situações onde as equipes de meteorologia não estejam preparadas para essas intensificações rápidas.

A situação é ainda mais preocupante por conta de cortes significativos no quadro de funcionários da NOAA e do Serviço Nacional de Meteorologia, que perderam centenas de especialistas em meteorologia e ciências terrestres nos últimos meses, comprometendo a capacidade dessas instituições de rastrear e prever fenômenos climáticos extremos.

O impacto da falta de dados de satélite

A perda dos dados de micro-ondas provenientes de três satélites de defesa, que carregam instrumentos chamados Sensores Especiais de Micro-ondas, resultará em observações muito menos frequentes. De acordo com Kim Wood, professora associada de hidrologia e ciências atmosféricas da Universidade do Arizona, a análise de qualquer tempestade tropical ou furacão em frequências de micro-ondas será reduzida pela metade.

Esses dados não apenas ajudam na previsão de furacões, mas são também essenciais para o estudo das mudanças na cobertura de gelo global e no gelo marinho polar. James Franklin, ex-chefe da Unidade de Especialistas em Furacões do Centro Nacional de Furacões, afirmou que não há substituto prático para os dados que serão perdidos, prevendo uma série de impactos negativos nas previsões de trajetória e intensidade das tempestades tropicais.

A transição para novas metodologias e ferramentas

Em resposta a esses desafios, a NOAA e outras entidades científicas estão buscando alternativas para preencher a lacuna deixada pela perda de dados. Apesar da presença de outros instrumentos, como o Sistema Conjunto de Satélites Polares da NOAA, que também coleta dados de micro-ondas, a transição para novas tecnologias de monitoramento pode levar tempo. Wood observou que, por exemplo, quando a missão de Monitoramento de Precipitação Global foi lançada, levou cerca de um ano até que os cientistas parassem de usar os dados de um satélite anterior.

O debate sobre essas mudanças se intensifica à medida que os países se preparam para a temporada de furacões, que representa cifras significativas em termos de danos econômicos e desafios para a segurança pública, especialmente em regiões vulneráveis, como o Caribe, América Central e México.

Os meteorologistas enfatizam a importância de se ter um sistema robusto de observação que permita monitorar e prever com precisão as tempestades tropicais, especialmente considerando a crescente frequência e intensidade dos eventos extremos relacionados às mudanças climáticas.

Previsão de furacões

Embora os esforços para encontrar soluções estejam em andamento, a paralisação do acesso aos dados de satélite do Departamento de Defesa levanta sérias questões sobre a futura capacidade de antecipação e resposta a eventos climáticos extremos.

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