As performances dos clubes brasileiros na Copa do Mundo de Clubes estão gerando um fenômeno de interesse que vai além das vitórias e premiações. Times como Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras não apenas conquistam uma nova legião de admiradores, mas também acendem a esperança de aumentar o apelo da liga brasileira no cenário internacional. Um estudo divulgado pelo site GLOBO revela que houve um “boom” de pesquisas sobre a “brazilian league” no Google após a vitória do Botafogo sobre o PSG. Isso demonstra um potencial para transformar curiosidade momentânea em um fandom duradouro. Entretanto, especialistas alertam que esse é apenas o primeiro passo. Para realmente alcançar o público internacional, é necessário um planejamento e uma estratégia integrados.
A necessidade de uma estratégia sólida
Transformar indivíduos curiosos em torcedores fiéis requer mais que uma participação pontual em torneios internacionais. O desafio, segundo especialistas, é imenso e demanda uma estrutura bem definida, similar àquelas de ligas estabelecidas como a Premier League ou La Liga. Ivan Martinho, especialista em internacionalização de marcas, destaca que a NFL no Brasil é um exemplo notável. Eles adaptaram seu marketing à cultura local, criando redes sociais em português e transmitindo jogos em canais acessíveis ao público brasileiro. Essa estratégia não só ampliou sua audiência, mas também fez com que o público se sentisse mais conectado ao esporte.
Os esforços dos clubes brasileiros e o público internacional
Durante o Mundial, os clubes brasileiros intensificaram suas interações com o público americano, criando espaços temáticos e eventos para engajar os torcedores. O Flamengo, por exemplo, apresentou uma força considerável nas redes sociais, sendo o clube não europeu mais seguido globalmente, de acordo com dados do Observatório de Futebol da França. Entretanto, apenas cinco dos 20 clubes da Série A estão ativos em redes sociais em idiomas que não sejam o português, o que limita ainda mais o alcance da liga brasileira.
Internacionalização e a estrutura da liga
A criação de uma liga unificada no Brasil foi unanimemente apontada como uma das soluções para fortalecer a presença internacional dos clubes. Com uma estrutura de liga, seria possível negociar acordos robustos e padronizar ações de marketing, facilitando o acesso a mercados globais. Martinho explica que essa abordagem poderia simplificar negociações, eliminando a necessidade de múltiplas reuniões com emissoras. No entanto, a divisão atual dos clubes em distintas associações, como a Liga Forte União (LFU) e a Libra, tem dificultado esse avanço.
Desafios e perspectivas futuras
O Flamengo, que tem se destacado, se opôs a algumas iniciativas de unificação, o que trouxe complicações para a construção de uma estratégia de liga nacional mais coesa. Enquanto os clubes europeus, que têm uma abordagem mais integrada e global, conseguem captar torcedores no mundo todo com eficiência, os clubes brasileiros ainda enfrentam desafios internos significativos. Há uma necessidade urgente de transformar essa visão, passando de uma venda focada apenas nos jogos para uma visão mais ampla que inclui a venda dos próprios clubes como marcas globais.
A história do futebol brasileiro é rica, e os clubes têm uma tradição que ressoa internacionalmente. Há, portanto, um apelo para que o mercado reinvente uma forma de reintroduzir essas marcas ao cenário global. O caminho à frente é claro: fortalecer a liga, engajar com o público internacional e criar uma identidade que eclipsa fronteiras.
Com a Copa do Mundo de Clubes rodando na mente dos torcedores, agora é o momento perfeito para os clubes brasileiros aproveitarem esse impulso, transformando curiosidade em lealdade. A esperança é que os esforços atuais resultem em um retorno ao estrelato do futebol brasileiro no cenário mundial.
