Na última quarta-feira (17/12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez declarações contundentes durante uma reunião ministerial, onde analisou os desafios financeiros que seu governo, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), herdou de administrações anteriores. Em um tom crítico, Haddad mencionou que Lula herda um “inferno no campo fiscal”, resultado de sete anos na mão de governos de direita e extrema direita, respectivamente, sob Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Crítica ao legado fiscal dos governos anteriores
Haddad foi enfático ao criticar a gestão fiscal dos últimos anos, ressaltando que os números contradizem a alegação de responsabilidade fiscal dos governos passados. “Olhem os números de sete anos; é como se nada tivesse a ver uma coisa com a outra”, afirmou o ministro. Ele apontou que o Brasil enfrenta um déficit aproximado de R$ 200 bilhões, que é em parte decorrente da suspensão do pagamento de precatórios e da omissão de despesas no orçamento.
Um exemplo significativo citado por Haddad foi o aumento do valor do Bolsa Família, que não foi previsto na peça orçamentária aprovada no último ano do governo Bolsonaro, mas que será implementado a partir de 2023.
Expectativas para a economia brasileira
A apresentação do ministro foi rica em dados sobre a economia do Brasil. Durante a reunião, Haddad destacou conquistas recentes de sua pasta, como o menor índice de desemprego da história e os ajustes no salário mínimo, cuja valorização traz um impacto positivo para a população mais vulnerável. Ele enfatizou a importância de garantir os recursos necessários para programas sociais e reitera a necessidade de um rígido respeito às regras fiscais sob sua gestão.
“O que faz a virtude do governo é equilibrar as variáveis macroeconômicas, oferecendo solidez e impulsionando um ciclo de desenvolvimento sustentável”, ressaltou. Essas declarações refletem a busca da atual administração para atender as demandas sociais e garantir a estabilidade econômica do país.
Meta de déficit zero até 2025
O governo federal visa alcançar um déficit zero até 2025, conforme as diretrizes estabelecidas no Arcabouço Fiscal. Contudo, há uma previsão de uma tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para mais ou para menos, o que significa que um déficit de até R$ 31 bilhões poderia ser aceito.
Possíveis mudanças no ministério
Embora não tenha anunciado oficialmente sua saída, Haddad já está se preparando para deixar o Ministério da Fazenda até abril de 2026. Movimentações estão acontecendo nos bastidores para encontrar um sucessor, e o atual número dois da pasta, Dario Durigan, é visto como o candidato preferido pelo ministro.
As declarações de Fernando Haddad trazem à luz a complexidade da atual situação fiscal do Brasil e os enormes desafios que ainda precisam ser enfrentados para garantir um futuro fiscal sustentável. A administrarão de Lula tem a tarefa não apenas de equilibrar as contas do governo mas também de atender as crescentes demandas sociais da população brasileira.
Leia também:
Haddad avisa a Lula que deixará Fazenda ano que vem
O destino de Fernando Haddad, o ministro que deu certo
O que Fernando Haddad diz sobre um dia disputar a Presidência
Veja a entrevista completa de Fernando Haddad ao Metrópoles


