Na manhã desta terça-feira, 16 de dezembro, o senador e pré-candidato à Presidência da República, Flávio Bolsonaro (PL-SP), visitou seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O encontro ocorreu dentro da janela de visitas autorizada, entre 9h e 11h, e durou cerca de 30 minutos, precedido pela visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que chegou ao local após o término da conversa entre pai e filho.
Flávio Bolsonaro como porta-voz político
Ao deixar a visita, Flávio conversou com a imprensa e usou a oportunidade para reafirmar seu papel como porta-voz político de Jair Bolsonaro. Segundo o senador, o ex-presidente acompanhou de perto as discussões sobre a dosimetria do projeto que visa limitar a pena para réus dos atos do dia 8 de janeiro e orientou seus aliados a aceitarem uma versão mais restrita do texto. Ele salientou que a liberdade em semiliberdade para algumas pessoas poderia aliviar a situação emocional de Jair dentro da prisão.
“Jair Bolsonaro já havia dado a sua diretriz de que nós aceitássemos a redação, independente de qual fosse. Isso já ajudaria ele a aguentar o tranco por mais um tempo”, afirmou Flávio, evidenciando a preocupação do ex-presidente com os demais indivíduos em situação semelhante, mesmo durante sua própria detenção.
A saúde de Jair Bolsonaro e suas implicações jurídicas
As declarações de Flávio em relação à saúde de Jair Bolsonaro foram parte significativa de sua fala. O senador revelou que exames recentes identificaram duas hérnias e criticou o Judiciário por atrasar, segundo ele, de forma injustificada, a autorização para a cirurgia necessária. Ele enfatizou que a situação é emergencial, alertando que se a cirurgia não for realizada, pode-se chegar a um cenário que exigiria procedimentos muito mais invasivos.
“O médico pediu a cirurgia e, por incrível que pareça, há uma desconfiança até da palavra do médico. Pediram perícia, fizeram exame de imagem e descobriram outra hérnia. É uma emergência real”, relatou Flávio, fazendo um apelo para que o Judiciário tenha bom senso em relação à saúde do ex-presidente.
A crítica ao relator do processo
Com uma postura mais incisiva, o senador não poupou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que envolve Jair Bolsonaro. Flávio se mostrou preocupado com a saúde do pai e afirmou que as condições atuais na prisão poderiam levar a situações graves, inclusive a morte. “O que parece é que querem matar o Bolsonaro aqui onde ele está. É um risco de saúde real e grave”, disse ele, apelando pela continuidade dos cuidados médicos necessários.
O cenário político e as disputas internas no bolsonarismo
A visita de Flávio ocorreu em um momento delicado dentro do cenário político bolsonarista, marcado por uma disputa interna acirrada. O pré-candidatura de Flávio à presidência intensificou as resistências em torno da figura de Michelle Bolsonaro, cuja candidatura vem sendo promovida por dirigentes do PL e setores do Centrão como uma alternativa para as eleições de 2026. A estratégia parece ter como objetivo manter a coesão do bolsonarismo diante dos desafios políticos.
Nos bastidores, aliados notam que Flávio e Michelle visitaram Jair em horários distintos, o que sugere um distanciamento político entre os dois campos. A visão predominante entre os dirigentes do Centrão é de que a pré-candidatura de Flávio serve como uma ferramenta de pressão e uma forma de negociação, elevando o valor político do legado de Jair Bolsonaro, que continua sendo um ativo simbólico do grupo.
Resumo da situação atual de Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro cumpre uma pena de 27 anos e três meses de prisão na sede da Polícia Federal, após uma condenação por envolvimento em um esquema golpista. Sua defesa espera agilizar a realização de cirurgia ainda nesta semana, após os recentes diagnósticos de saúde. Segundo os advogados, as hérnias decorrem de complicações da facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.
A visita de Flávio Bolsonaro destaca os desafios pessoais e políticos enfrentados pela família e pelo movimento que sustenta o legado do ex-presidente, enquanto as movimentações e tensões políticas continuam a se desenrolar no cenário nacional.


