O Brasil possui a segunda maior reserva mundial de elementos de terras-raras (ETRs), essenciais para indústrias de alta tecnologia e energia limpa. Atualmente, oito projetos de mineração em andamento podem desenvolver até 30% dessa reserva até 2029, com investimentos previstos de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,5 bilhões) entre 2025 e 2029, segundo estimativas do Ibram.
Projetos e potencial de reservas de terras-raras no Brasil
Mapeados pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), os principais projetos estão em Minas Gerais, Goiás, Bahia e Amazonas, com capacidade estimada de produzir 6,3 milhões de toneladas de TREOs. O estoque total do país chega a 21 milhões de toneladas de óxidos de terras-raras (TREO), atrás somente da China, que lidera o mercado global.
Esforço em benefício de uma cadeia industrial completa
Além da exploração de reservas, o desenvolvimento da cadeia de beneficiamento é considerado fundamental. A produção de ETRs demanda uma estrutura industrial avançada de refino, beneficiamento e fabricação de componentes essenciais, como ímãs para motores de veículos elétricos e equipamentos de tecnologia.
O Brasil tem se destacado por suas reservas de argila iônica, um tipo de depósito que oferece uma qualidade única fora da Ásia, principal região de produção mundial. Empresas como a Viridis Mining & Minerals e a brasileira Brazilian Critical Minerals (BCM) avançam em projetos de beneficiamento e exploração, incluindo unidades em Poços de Caldas (MG) e no Amazonas.
Implicações geopolíticas e competição internacional
O interesse dos Estados Unidos nas reservas brasileiras é claro e estratégico. A Embaixada dos EUA comunicou ao Ibram a intenção de ampliar cooperação, alinhando-se à crescente disputa global por terras-raras, sobretudo diante do monopólio chinês na produção e refino desses minerais.
Segundo o analista Fernando Landgraf, professor da USP, a competição envolve não só a pesquisa de reservas, mas também o investimento em fase de beneficiamento, pois países ocidentais ainda não possuem capacidade de refino suficiente para suprir a demanda interna de forma competitiva.
Desafios e oportunidades para o setor brasileiro
Apesar do entusiasmo, desafios permanecem, como a baixa competitividade industrial, restrições de financiamento e a necessidade de um marco regulatório mais claro. A aprovação de um projeto de lei no Congresso, que propõe incentivos para incentivar a cadeia produtiva, busca superar essas limitações.
O governo também trabalha para fortalecer o marco regulatório, promovendo políticas que incluam incentivos fiscais, facilitação de licenças ambientais e garantias de crédito para pequenas mineradoras, essenciais para ampliar a produção nacional.
Perspectivas futuras e impacto econômico
Os projetos que se encontram em estágio inicial representam uma oportunidade de transformar o Brasil em um importante player mundial no mercado de minerais críticos. Segundo o consultor Roberto Guedes, a movimentação internacional indica uma corrida por alternativas à China, que domina as fases de beneficiamento e produção de componentes finais.
Com a ampliação dessas iniciativas, o Brasil tende a consolidar sua posição na cadeia global de terras-raras, contribuindo para a segurança de suprimentos estratégicos e fomentando a inovação tecnológica no país.
Para acompanhar o avanço dos projetos, o relatório do Ibram e do Cebri indica que o Brasil está em um momento decisivo de sua história mineral, podendo se tornar um grande exportador dessas matérias-primas nos próximos anos.
Fonte: GLOBO


