A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decretada neste sábado (22) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, representa um ponto de inflexão no cenário político brasileiro. A decisão, que ressalta a violação de sua tornozeleira eletrônica e possíveis riscos à ordem pública, não apenas alivia o governo Lula, mas também alimenta incertezas sobre as candidaturas da direita para as eleições de 2026. Análises apresentadas por colunistas do jornal O GLOBO abordam essas questões, refletindo a complexidade do momento.
O impacto da decisão de moraes no governo lula
Analistas políticos concordam que o apelo feito por Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente, para que seus apoiadores realizem uma vigília em favor do pai, juntamente com as evidências de violação da tornozeleira, indicam uma mudança na estratégia do clã Bolsonaro. Essa movimentação, que aconteceu após a inclusão de novos produtos brasileiros na pauta de exportações dos EUA, coloca em evidência a percepção de que já não é mais viável contar com o apoio de Donald Trump para direcionar os Poderes no Brasil.
Para o governo Lula, a determinação de Moraes trouxe um alívio, uma vez que o Planalto estava preocupado com a possibilidade de o ex-presidente cumprir pena em instalações militares. Esse cenário poderia intensificar as tensões entre as Forças Armadas e o atual governo, um fator que já vinha sendo monitorado de perto, especialmente considerando a normalidade institucional que o governo busca manter.
Bolsonaro e o futuro da direita em 2026
A prisão de Bolsonaro também “congela” as decisões sobre o candidato da direita que terá seu apoio nas próximas eleições. Embora o ex-presidente insista em sua elegibilidade, as lideranças do PL e dos partidos do Centrão aguardavam para dezembro os desdobramentos legais que poderiam definir os rumos da candidatura. A decisão judicial poderá influenciar a escolha de outro nome que represente a direita nas eleições de 2026, visto que as audiências que ocorrerão em breve eram esperadas como termômetros para essa definição.
Além disso, a condição em que Bolsonaro se encontra poderá complicar o pedido de prisão domiciliar humanitária por parte de sua defesa. A violação de sua tornozeleira e a convocação de manifestações em frente ao seu condomínio dificultam a possibilidade de um novo tratamento legal que possibilitasse uma pena mais branda.
A mobilização e as reações do entorno de bolsonaro
A convocação de Flávio Bolsonaro para que seus seguidores se mobilizassem foi um fator que contribuiu para a prisão preventiva de seu pai. Ele incitou os apoiadores a “reagir” e ocupar o acesso ao condomínio onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar. Isso levou a Polícia Federal a solicitar a prisão de Bolsonaro com o intuito de garantir a ordem pública.
O contexto atual é preocupante, especialmente considerando o histórico de mobilizações em que apoiadores do ex-presidente chegaram a acampar em frente a quartéis do Exército. A presença de Bolsonaro em instalações militares poderia reavivar esse tipo de atividade, gerando novas tensões que o governo procura evitar.
Consequências futuras e a continuidade da organização criminosa
O ministro Moraes não apenas reconheceu a gravidade dos atos de Jair Bolsonaro como também alertou sobre a continuidade de uma organização criminosa que, mesmo após as condenações, continua operando. Ele mencionou casos de fuga de condenados e a necessidade de monitoramento constante das atividades que podem ameaçar a ordem democrática.
Num momento onde as instituições enfrentam desafios, a prisão de Bolsonaro serve como um indicativo de que o Brasil ainda lida com as consequências da polarização política. A expectativa agora é que os desdobramentos legais e as reações do público façam parte de um debate mais amplo sobre o futuro da política brasileira, e em especial, o papel da direita nos próximos anos.
Neste contexto de incerteza, com a prisão preventiva do ex-presidente, o Brasil se depara com questões cruciais sobre a definição do próximo quadro eleitoral e sobre como as instituições deverão responder a pressões externas e internas, assegurando a estabilidade do sistema democrático.




