Em meio a uma das crises humanitárias mais severas dos últimos anos, mulheres em Gaza estão enfrentando uma nova forma de violência: a exploração sexual. Com a guerra que começou em 2023, muitas delas, que já lutam para sustentar suas famílias, agora são alvo de homens que prometem ajuda em troca de favores sexuais. Essas realidades são contadas em relatos angustiantes que merecem ser ouvidos e levados a sério.
Um socorro que se transforma em ameaça
Uma mulher de 38 anos, mãe de seis filhos, chegou a um abrigo em busca de alívio após semanas passando fome. Um conhecido lhe prometeu um contrato de seis meses com uma agência de ajuda, mas ao invés de um escritório, ela foi levada para um apartamento vazio. Lá, o homem a elogiou e pediu que retirasse seu véu. Olhando para a situação, ela se sentiu encurralada e, embora hesitasse, acabou se envolvendo com ele em um encontro sexual, mediante ameaças e promessas de ajuda.
A crise humanitária e sua relação com a exploração sexual
A crescente crise humanitária em Gaza, onde mais de 90% da população foi deslocada e as necessidades básicas não são atendidas, tem proporcionado um ambiente propício para a exploração. Mulheres relatam ter sido abordadas por homens, muitos deles associados a organizações humanitárias, oferecendo comida ou dinheiro em troca de interação sexual. Esses relatos incluem desde pedidos diretos até sugestões veladas, e todas as mulheres que falaram com a imprensa fizeram isso sob anonimato, temendo represálias.
O silêncio e a estigmatização
OS psicólogos que atendem essas mulheres confirmam que os casos de exploração aumentaram drasticamente desde o início da guerra. Muitas pacientes relataram não querer se expor ao estigma que cercam a sexualidade em uma cultura conservadora. Constrangidas, algumas mulheres optaram por guardar silêncio e se isolar, temendo o julgamento de suas comunidades e até mesmo da própria família.
A luta por dignidade em tempos de crise
Apesar do medo de represálias, muitas mulheres continuam a clamar por dignidade em meio a crises. Em uma dessas histórias, uma mulher de 29 anos recebeu constantes ligações de um trabalhador humanitário que pedia para se casar em troca de suprimentos nutricionais para seus filhos. Após recusar, ele continuou a ligar de números diferentes, insistindo em seu interesse pessoal. “Eu me senti completamente humilhada”, relatou, refletindo o desespero de estar em uma situação onde depender de ajuda pode ser tão arriscado quanto necessário.
Organizações de ajuda em alerta
Organizações de direitos humanos e grupos de ajuda estão cientes desses abusos. Há um crescente clamor por melhorias no monitoramento e na proteção contra exploração sexual durante as crises. Em Gaza, onde partir de 2023 a violência e a escassez só aumentaram, a situação se agrava continuamente, destacando a difícil posição das mulheres em busca de ajuda.
Enquanto isso, Israel e outras partes continuam a debater as causas da crise humanitária, com muitos responsabilizando tanto o bloqueio quanto a violência do conflito. Mulheres em Gaza são forçadas a fazer escolhas impensáveis entre a sobrevivência e a dignidade, vivendo um pesadelo que continua a se desenrolar enquanto a ajuda, ao invés de trazer esperança, muitas vezes se torna uma fonte de mais dor e vergonha.
As mulheres de Gaza estão lutando não apenas pela sobrevivência, mas também pela própria humanidade em face de uma guerra devastadora. A exploração que enfrentam deve ser uma chamada à ação para todos nós, por medidas verdadeiras que enfoquem a proteção das populações vulneráveis em tempos de crise.