A Polícia Federal (PF) interceptou mensagens trocadas por hackers envolvidos no maior ataque cibernético ao sistema financeiro brasileiro, ocorrido em 1º de julho, que resultou na geração de um rombo de aproximadamente R$ 813 milhões. As conversas, obtidas pelo jornal O GLOBO, indicam estratégias de lavagem de dinheiro por criptomoedas e revelam o grau de preparação dos criminosos.
Detalhes do esquema e interceptação de mensagens de hackers
Segundo a investigação, os hackers, que utilizavam os pseudônimos “Breu” e “Blady”, invadiram o sistema de uma empresa ligada ao Banco Central para realizar o desvio de recursos de oito bancos distintos. Nas conversas de mensagens, eles discutiam a troca de valores por ativos digitais para dificultar o rastreamento, incluindo referências a transferências e contas de laranjas.
Conforme apurado pela Polícia Federal, Blady, apontado como especialista em criptoativos, foi acionado pelo grupo em abril, oferecendo seus serviços na movimentação do dinheiro ilegal. “Eu tenho uma lista aqui pancada de lara”, afirmou, referindo-se a pessoas que atuariam como “laranjas”.
Estratégias de lavagem de dinheiro e planos criminosos
Nas comunicações, os hackers discutem a migração de valores para criptomoedas, como bitcoin e USDT, na tentativa de ocultar as origens ilícitas. Breu chegou a dizer que “tem alguns trilhões aqui” para reforçar o potencial de movimentação financeira, enquanto Blady aconselhava a manter o dinheiro em USDT, por facilitar a limpeza e o saque.
Antes do ataque, o grupo já planejava a invasão, com Blady dispondo de acessos a contas de laranjas e contatos com supostos “donos de bancos digitais”. Nas mensagens, ele relata: “Estou com aquelas duas contas que eu te falei, tesouraria de banco, ela é sem limite, mas se tiver como botar API nela aí, é, para uma mesa, o que entrar sai”.
Prisão e prejuízo financeiro
Após investigações, a PF prendeu o principal suspeito, Blady, em julho, junto de sua esposa, apreendendo uma chave privada de uma carteira de criptoativos, que permitiu recuperar cerca de R$ 5,5 milhões. Apesar disso, o prejuízo total causado pelo ataque foi estimado em R$ 813 milhões, segundo as autoridades.
Outro integrante da quadrilha conseguiu fugir para a Alemanha logo após o crime e atualmente está na lista de procurados internacionalmente pela polícia.
Reação das autoridades e impacto no sistema financeiro
A C&M Software, alvo da invasão, confirmou o desvio, mas negou que dados de clientes ou instituições tenham sido comprometidos. O Banco Central suspendeu temporariamente a conexão da empresa ao sistema Pix, embora tenha informado que seus próprios sistemas não sofreram ataque.
De acordo com o Ministério Público de São Paulo, o processo tramita sob segredo de justiça. O caso evidencia a vulnerabilidade de sistemas terceirizados e reforça a necessidade de maior segurança cibernética no setor financeiro.
Perspectivas futuras e medidas de segurança
Especialistas alertam para a importância de aprimorar mecanismos de defesa digital e de identificar rapidamente atividades ilegais em plataformas financeiras. A investigação continua em andamento, com a expectativa de capturar outros envolvidos e esclarecer todas as operações criminosas.
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