Na Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a necessidade de soluções pacíficas e multilaterais para os problemas globais, criticando o desmantelamento do sistema de comércio mundial e a imposição de sanções econômicas. A análise do cientista político Renato Galeno, coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec-RJ, revela que essa postura difere do ensimesmamento de Donald Trump, que utilizou sua fala na ONU para exaltar seus próprios feitos.
Diferenças entre Lula e Trump na ONU
Galeno aponta que o discurso de Lula foi pautado pela defesa do multilateralismo, enquanto Trump usou a oportunidade para destacar sua autossuficiência e minimizar os desafios internacionais. Segundo o especialista, o brasileiro tende a utilizar seus discursos na ONU para dialogar com o público interno, incluindo momentos de críticas a governos anteriores, como o de Jair Bolsonaro, e abordando temas como as sanções americanas ao Brasil.
“Lula chama atenção para os problemas nas relações internacionais, como a crise na Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto Trump apresentou uma fala marcada por um forte autolegitimismo, sem uma disposição real de diálogo”, explica Galeno.
Discurso de Trump: entre o ego e a negação da crise climática
Galeno classifica a fala de Trump como uma das mais constrangedoras da história da Assembleia Geral, pelo distanciamento entre suas palavras e a realidade. O ex-presidente dos EUA fez uso excessivo da palavra “eu”, inflando suas realizações pessoais e negando a existência de mudanças climáticas, além de discutir imigrantes de forma distorcida. A sua postura evidencia uma política egocêntrica e distante dos critérios de cooperação internacional.
“Trump negou a importância das mudanças climáticas e chegou a inventar números e situações de imigração, além de ironizar europeus e acusar países como o Brasil e a China de apoiar a Rússia na guerra da Ucrânia”, comenta Galeno.
O impacto para a comunidade internacional
Para Galeno, o grande cuidado da comunidade internacional não está na agressividade de figuras como Trump, mas na irracionalidade e o egoísmo de seus discursos. “A dificuldade maior é compreender as intenções e frases de alguém que se baseia em teorias de conspiração e decisões impulsivas, o que pode prejudicar seriamente a estabilidade global”, avalia.
Perspectivas futuras e desafios diplomáticos
O cientista político destaca que, enquanto Lula propõe diálogo e cooperação, a postura de Trump, marcada pela negação de fatos e isolamento, configura um entrave à negociação internacional. Assim, o cenário demanda atenção especial à necessidade de fortalecer os mecanismos multilaterais frente às posturas egocentristas de algumas lideranças mundiais.
Para mais detalhes, leia a análise completa em esta reportagem do Globo.