Brasil, 19 de setembro de 2025
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Sabesp pode ampliar redução da pressão de água para 10 horas

Medida visa economizar água em meio à crise de abastecimento em SP

A Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) está considerando recomendar à Sabesp a ampliação da redução da pressão de água na Grande São Paulo, passando de oito para dez horas durante a noite. A decisão visa enfrentar a crise de abastecimento que afeta a região metropolitana em um momento em que os reservatórios estão em níveis críticos e a previsão de chuvas é decepcionante.

Motivos para a ampliação da redução de pressão

Desde o dia 27 de agosto, a pressão da água já está reduzida diariamente, das 21h às 5h, como uma medida preventiva para assegurar o abastecimento. Segundo a Arsesp, a ampliação do período de redução se faz necessária diante da falta de chuvas e da baixa dos níveis nos reservatórios que abastecem a capital. Neste cenário, a Sabesp afirmou que a ação é temporária e tem o objetivo de minimizar perdas e vazamentos. “Precisamos preservar nossos reservatórios”, enfatizou a companhia, que recentemente passou por um processo de desestatização sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Impactos da redução na população

Moradores de algumas áreas mais altas e afastadas do centro de São Paulo podem ser os mais afetados pela medida. Em regiões nessa condição, é possível que eles fiquem completamente sem água. Durante a crise hídrica de 2014 a 2016, por exemplo, o padrão de redução de pressão provocou a indignação de muitos que relataram uma interrupção maior do que o esperado. O diretor-presidente da Arsesp, Thiago Mesquita Nunes, esclareceu que, durante o período de pressão reduzida, a falta de água é percebida no início da noite, mas que a água deve retornar no começo da manhã.

A experiência dos moradores

No extremo Leste da capital, em bairro como o Itaim Paulista, a situação não é novidade. A aposentada Teresa Godois relatou: “Faz um bom tempo que as pessoas estão sempre reclamando. Para nós, a noite é uma falta de água bem grande, especialmente para quem tem parentes doentes em casa, é complicado.” A falta de água noturna tem levado muitos moradores a recorrerem a caixas d’água para enfrentar o problema. O técnico de edificações, Paulo Roberto, descreve sua experiência: “Todos os dias eu chego por volta das 22h30, e a água encerra literalmente. Se esse período de seis horas já perdura, imagina se acontece durante oito horas? São duas horas a mais de ausência de água.”

A crise hídrica atual

A Sabesp implementa a redução da pressão da água como parte de suas estratégias para lidar com a baixa dos reservatórios, uma situação que se tornou recorrente. Essa abordagem já foi utilizada em crises anteriores, como a entre 2014 e 2016. O resultado é claro: a redução na pressão faz com que a distribuição de água se torne mais controlada, porém, afeta os cidadãos que, em algumas áreas, podem ficar sem água durante a noite.

Previsões de chuvas e dificuldades futuras

As represas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo funcionam, tipicamente, sob padrões sazonais de chuva. Tradicionalmente, a maior parte do estoque de água é formada entre outubro e março. Contudo, os últimos dois períodos de chuvas em 2023 e 2024 não foram suficientes para reabastecer os reservatórios, que acumulavam perdas significativas na estiagem que se seguiu. O saldo de água nas represas tem demonstrado que os níveis estão se deteriorando rapidamente, alarmando os órgãos reguladores e a população.

Consequências da crise

Os dados mostraram que as represas chegaram a acumular mais de 715 bilhões de litros durante a temporada chuvosa de 2022, mas, no ano seguinte, a seca impôs uma perda que alcançou quase 323 milhões. Em 2024, os reservatórios já administraram uma perda de 617 milhões de litros, com chuvas subsequentes repondo apenas 177 milhões. Com essa atual seca ainda não finalizada, a perda acumulada já é de 380 milhões.

O panorama de escassez hídrica continua a ser uma preocupação séria e crescente, fazendo com que a população e as autoridades se mobilizem em busca de soluções sustentáveis e conscientes para gerenciar a água, um recurso cada vez mais rarefeito.

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