Brasil, 18 de setembro de 2025
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Deputado Marco Feliciano alvo de representação por racismo religioso

Denúncia contra o político é resultado de declarações contundentes em evento evangélico em Minas Gerais.

O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP) se tornou alvo de uma representação no Ministério Público Federal (MPF) por crime de racismo religioso. O caso veio à tona após o parlamentar fazer comentários polêmicos durante um evento evangélico realizado em Conselheiro Lafaiete, interior de Minas Gerais, no último sábado. Feliciano comparou as práticas religiosas de matriz africana a “obras de feitiçaria”, gerando indignação entre diversas comunidades e lideranças políticas.

A polêmica das declarações

Durante o evento, Feliciano fez uma declaração contundente: “Esse tipo de espírito não sobrará em Conselheiro Lafaiete. Zé Pilintra, Zé Pilantra, Exu Caveira, Tranca Rua e Preto Velho. Nenhuma obra de feitiçaria vai governar mais essa terra, porque a presença do Deus eterno pode modificar os nossos corações. Alguém acredita no que estou falando?” Essas palavras, dirigidas a um público fiel, foram vistas como um ataque direto às práticas de religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda.

Reação e representações legais

A representação contra Feliciano foi protocolada pelo deputado estadual Átila Nunes (PSD-RJ), que reconheceu as declarações como uma clara manifestação de discriminação religiosa. Segundo Nunes, as palavras do pastor carregam uma “conotação depreciativa” e representam um “desprezo inequívoco” pelos adeptos das religiosidades afro-brasileiras. Em sua justificativa, o deputado afirmou que o discurso de Feliciano reforça estigmas históricos e alimenta a discriminação contra comunidades já marginalizadas.

“(Feliciano) reduziu práticas religiosas a um estigma de feitiçaria, reforçando preconceitos históricos e estimulando a discriminação contra comunidades já marginalizadas”, destacou Nunes, que também é membro da Comissão de Intolerância Religiosa da OAB-RJ.

A repercussão das declarações culminou em mais denúncias. Na terça-feira, a deputada estadual de Minas Gerais, Lohanna (PV), e a vereadora de Conselheiro Lafaiete, Damires Rinarlly (PV), também protocolaram uma denúncia no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Juntas, elas exigiram um posicionamento sobre as falas de Feliciano e manifestaram repúdio na Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Críticas sobre o uso de dinheiro público

Lohanna, em um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais, criticou a postura do deputado: “Em um evento em praça pública, bancado com dinheiro público, ele achou que era uma boa ideia atacar as pessoas de religião de matriz africana. Quando isso acontece, a gente não tem uma pessoa enaltecendo a própria fé, o que a gente tem é alguém cometendo crimes”, declarou, enfatizando a gravidade das afirmações de Feliciano.

A importância da intolerância religiosa

A intolerância religiosa é um tema cada vez mais discutido no Brasil, especialmente em um país que possui uma diversidade rica de crenças e tradições. As declarações de figuras públicas, especialmente de representantes eleitos, têm impacto direto na forma como a sociedade persegue e reconhece a diversidade religiosa. Casos como o de Marco Feliciano não são isolated e revelam a necessidade de um diálogo mais respeitoso e inclusivo entre as diferentes crenças que convivem em nosso país.

As ações contra Feliciano mostram que a luta contra a intolerância religiosa continua sendo um desafio central na construção de uma sociedade mais justa e equitativa. “É imprescindível que sejamos vigilantes e nos posicionemos contra qualquer forma de preconceito”, concluiu Nunes, refletindo a necessidade de empoderamento das comunidades ainda marginalizadas.

Enquanto o caso segue no MPF, as consequências das falas de Feliciano refletem a luta persistente pela aceitação e respeito em um Brasil plural.

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