Washington – Uma senadora democrata dos Estados Unidos advertiu que a morte do ativista conservador Charlie Kirk pode ser usada por o presidente Donald Trump como justificativa para reprimir a oposição política. Em uma série de publicações nas redes sociais, a senadora Chris Murphy (D-Conn.) afirmou que ao invés de unir os americanos contra a violência política, a administração Trump estaria preparando um ataque contra dissidentes.
Risco de criminalização da dissidência eleitoral
Murphy apontou que figuras próximas ao governo, como o chefe de gabinete adjunto da Casa Branca, Stephen Miller, e a conselheira informal Laura Loomer, têm defendido o endurecimento contra organizações consideradas radicais pelo partido de Trump. Loomer chegou a afirmar que queria ver seus inimigos políticos presos e silenciados, reforçando o clima de repressão crescente.
“Já tive suficiente de que a esquerda pense que podemos apenas desfinanciá-los, processá-los, encarcerá-los ou destruir seu poder por gerações”, escreveu Loomer em uma rede social. Ela é uma das vozes do movimento MAGA que clamam por uma repressão severa contra o lado oposto.
Reacoes oficiais e investigações
Em resposta às críticas, a porta-voz da Casa Branca, Abigail Jackson, afirmou que o governo não deve fazer acusações sem provas, citando declarações anteriores de Murphy, que já havia mencionado uma “guerra” no país e a necessidade de combater fogo com fogo para “salvar a democracia”.
Ainda pouco se sabe sobre os motivos do jovem Tyler Robinson, de 22 anos, que atirou contra Kirk durante um evento na Utah Valley University. O governador de Utah, Spencer Cox (R), comentou que as investigações indicam que Robinson foi influenciado por ideologias de esquerda e que o episódio foi uma ação individual, não uma consequência de um movimento político.
Possível endurecimento na repressão política
Questionado se o governo estaria investigando organizações de esquerda por trás do ataque, Trump respondeu que “já estão sob investigação” e que nos próximos dias anunciará medidas a serem tomadas. “Estamos preparando uma campanha para lidar com o extremismo, um trabalho que será difícil por causa das raízes multi-geracionais desse ódio”, afirmou o conselheiro de Wiles.
Trump, contudo, continuou a responsabilizar a “esquerda radical” pelos atos de violência, alegando que os ataques recentes também tiveram origem no lado progressista. “Se olharem para o problema, é da esquerda. Eles queimam a bandeira, defendem a destruição da nossa nação”, declarou.
Perspectivas de conflito e polarização
Specialistas alertam que o contexto atual demonstra uma crescente percepção do lado conservador de que as instituições democráticas estão ameaçadas por uma suposta conspiração contra a maioria branca e cristã, como escreveu o ex-assessor Trump, Michael Anton, ao descrever a eleição de 2016 como “a eleição do voo 93”.
Analistas também destacam que o governo de Trump vem conduzindo uma campanha pública e retórica de repressão, que inclui investigações e possíveis punições a opositores, sob o pretexto de combater o que consideram violência política de esquerda.
Esta matéria foi originalmente publicada no HuffPost.