Brasil, 15 de setembro de 2025
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Favela do Moinho enfrenta remoção e conflitos por moradia em SP

A Favela do Moinho, última do centro de SP, vive conflitos habitacionais e ameaças de remoção, numa luta pela dignidade e resistência.

A Favela do Moinho, localizada entre os bairros Campos Elíseos e Bom Retiro em São Paulo, se destaca como o último reduto de moradia popular no centro da cidade, enfrentando intensa pressão para a remoção de seus moradores. O contexto atual é marcado por uma série de conflitos habitacionais, operações policiais e debates acerca da gentrificação, que colocam a comunidade em um cenário de incerteza e resistência.

História da Favela do Moinho

A história do Moinho remonta à década de 1990, quando a desativação da indústria Moinho Central deixou um terreno abandonado, que serviu como abrigo para trabalhadores sem moradia. O cenário precário rapidamente evoluiu para a formação de uma comunidade, com barracos sendo erguidos sob o viaduto Engenheiro Orlando Murgel. Segundo o documentarista Caio Castor, que viveu na favela entre 2012 e 2014, esse crescimento foi uma resposta à falta de opções habitacionais.

O Moinho e os conflitos habitacionais

Nos últimos anos, a Favela do Moinho tem se visto no centro de uma ponte de conflitos entre os moradores e o poder público. O governo, que aponta riscos estruturais e a presença de crime organizado na região, promove ações de remoção, enquanto os moradores denunciam políticas de “higienização social”. Essas políticas visam expulsar populações de baixa renda para abrir espaço para o mercado imobiliário em ascensão.

Após a revogação da tutela de usucapião em 2024, a favela se tornou um alvo constante de operações policiais. A pressão aumentou em abril de 2025, quando moradores se manifestaram contra a desocupação, resultando em confrontos violentos com a polícia.

A resistência da comunidade

Moradores como Renaci Marques e Cíntia Bonfim fazem questão de ressaltar a luta pela permanência na região. Apesar da oferta de moradias em áreas distantes, muitos desejam apenas condições dignas para continuar vivendo onde construíram sua vida. A urbanista Isadora Guerreiro analisa essas ações como um indicativo de um processo de gentrificação que busca transformar áreas populares em espaços de interesse do mercado imobiliário.

Além da luta pela moradia, a comunidade tem enfrentado operações que se justificam sob a alegação da presença do tráfico de drogas. Recentemente, uma operação do Ministério Público resultou na prisão de dez pessoas, incluindo a líder comunitária Alessandra Moja, acusada de defender os interesses de um irmão envolvido com o tráfico.

Os impactos sociais e a luta por direitos

A Favela do Moinho ilustra um modelo de urbanização onde o discurso sobre a criminalidade é utilizado como justificativa para a remoção de populações vulneráveis. Os moradores afirmam que a presença da polícia apenas intensifica o medo e a violência. Casos de brutalidade policial, como a morte de um adolescente durante uma abordagem, são lembrados como parte de uma narrativa de criminalização da comunidade.

“O Moinho é símbolo da resistência contra a expulsão da população pobre do coração de São Paulo”, afirma Caio Castor, destacando a importância de preservar a história da comunidade. Recentemente, o governo federal concordou em subsidiar a mudança das famílias, uma solução que, no entanto, exclui a possibilidade de permanência no local.

O futuro incerto da comunidade

Até julho de 2025, cerca de 441 famílias já deixaram a comunidade, testemunhando a gradual destruição do que consideram seu lar. As esperanças de um futuro diferente estão ligadas à luta contínua por moradia digna e ao reconhecimento dos direitos dos moradores. Enquanto isso, o cenário de conflito reflete a complexidade da urbanização de áreas centrais em São Paulo, onde interesses imobiliários e sociais colidem.

Os moradores da Favela do Moinho, enfrentando a possibilidade de despejo, ainda buscam apoio e solidariedade na luta por direitos e pela dignidade de suas vidas, reafirmando a importância de sua presença no centro da cidade.

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