Concluiu-se, em Viena, a assembleia anual dos bispos católicos orientais da Europa, marcada por reflexões sobre harmonia, unidade e os desafios enfrentados pelas comunidades na atualidade. O evento, realizado de 8 a 11 de setembro sob o tema “Unidade na diversidade”, reuniu mais de sessenta e cinco prelados e cento e cem representantes, todos unidos na busca pela comunhão e solidariedade entre os diferentes ritos da Igreja Católica. Sob o patrocínio do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE), a assembleia celebrou também o 250º aniversário do “Barbareum”, o seminário greco-católico fundado por Maria Teresa na capital austríaca.
Dimensões da comunhão eclesial
A assembleia abordou a complexidade da comunhão entre as Igrejas Católicas Orientais, com destaque para a importância do diálogo entre diferentes ritos, incluindo o Rito Latino. O cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, enfatizou o “dinamismo sinfônico” necessário para equilibrar a universalidade da Igreja e a especificidade das Igrejas sui iuris. Em seu relatório, ele reconheceu que essa relação enfrenta uma série de obstáculos, incluindo questões jurisdicionais, culturais e políticas, mas reafirmou o comprometimento da Santa Sé em promover a harmonia desejada.
Contribuições das Igrejas Orientais
O arcebispo Gintaras Grušas, presidente da CCEE, também destacou o valor das Igrejas Orientais Católicas, que são vistas com apreço como um “fermento” que pode enriquecer a Igreja universal. Com a crescente secularização na Europa, ele incentivou a valorização das experiências dessas comunidades como fonte de ensinamentos cruciais. Durante a implementação do Sínodo sobre a Sinodalidade, Grušas ressaltou a relevância da sinodalidade e colegialidade episcopal, frutos da rica história das Igrejas Orientais.
O papel do ordinariato austríaco
O cardeal Christoph Schönborn, em sua função como ordinário para os fiéis de Rito Bizantino na Áustria, abordou a importância dos ordinariatos como uma solução para preservar a especificidade de cada Igreja sui iuris enquanto superam as dificuldades de funcionamento em um território de jurisdição latina. Ele citou a experiência do ordinariato austríaco, que teve um crescimento significativo nos últimos vinte anos, incluindo atualmente quarenta e três comunidades orientais. Essa estrutura proporciona apoio administrativo e financeiro para os clérigos dessas comunidades, visando a igualdade de tratamento com o clero do Rito Latino.
Desafios em tempos de guerra
A assembleia ocorreu em um momento marcado pela guerra na Ucrânia, que continua a gerar preocupações e desafios. A situação foi abordada pelo arcebispo-mor de Kiev-Halyč, Sviatoslav Shevchuk, que expressou sua gratidão pelo apoio recebido, tanto das Igrejas quanto das autoridades civis. Ele também lembrou a necessidade de refletir sobre outros conflitos que afetam as Igrejas sui iuris em todo o mundo, mostrando a importância de se solidarizar com as comunidades em situação de crise.
As discussões culminaram em uma sessão plenária, onde os participantes expressaram o desejo de intensificar os encontros locais, promover a formação do clero e aumentar o conhecimento mútuo entre as diversas comunidades. Entre os tópicos debatidos, destacaram-se o birritualismo em contextos de diáspora e as relações ecumênicas com as Igrejas Ortodoxas, especialmente no que se refere à validade dos sacramentos e ao reconhecimento da sucessão apostólica.
Em meio a um cenário de desafios, a assembleia reafirmou a importância da unidade e da colaboração entre as diversas tradições da Igreja Católica. O evento não apenas celebrou a rica diversidade cultural e espiritual das Igrejas Orientais, mas também pediu um compromisso renovado para enfrentar juntos os desafios contemporâneos e promover a paz e a harmonia em um mundo frequentemente dividido.
Para mais informações, acesse o artigo completo no link: Fonte.
