Dados recentes do Banco Central revelam a importância do Pix para a economia brasileira, com recordes de 290 milhões de transações e R$ 164,8 bilhões movimentados em um único dia, na última sexta-feira (5). No entanto, a proposta de implementar o Pix parcelado tem gerado debates entre especialistas, consumidores e entidades de defesa do consumidor.
Repercussões e riscos do Pix parcelado
De acordo com o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a possibilidade de dividir valores em prestações sem o uso do cartão de crédito descaracteriza a simplicidade, instantaneidade e gratuidade que consolidaram o Pix. A entidade afirmou ao Portal iG que “associar a marca Pix a um produto de crédito com juros, encargos e contratos pouco transparentes coloca em risco a confiança do usuário”.
Segundo o Idec, a modalidade pode confundir consumidores, levando-os a acreditar que fizeram uma transferência, enquanto, na prática, contrataram um financiamento com juros e encargos, o que pode resultar em endividamento excessivo.
Cuidados recomendados para usuários do Pix parcelado
O professor Alisson Batista, do Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte, recomenda cautela ao usar a nova modalidade. Ele orienta os usuários a avaliarem se a renda será suficiente para pagar as parcelas e a verificarem as datas de débito antes de optar pelo parcelamento. “Caso a pessoa tenha recursos disponíveis para pagamento à vista, é interessante buscar um desconto”, afirmou ao Portal iG.
Batista compara os cuidados necessários ao parcelamento com as práticas de compras com cartão de crédito ou crediário. “Se não tiver certeza de que o recurso estará disponível na data do vencimento, o mais prudente é evitar o contrato. Os riscos de inadimplência, juros altos e restrições financeiras são semelhantes aos do cartão de crédito.”
Segurança digital e ameaças de golpes
Priscila Meyer, CEO da Eskive, alerta para os riscos de golpes ligados ao Pix parcelado. Ela explica que campanhas de engenharia social, como falsos e-mails ou mensagens, podem explorar a novidade para enganar usuários. “Pode haver fraudes usando aplicativos falsos, phishing e vishing”, destacou Meyer.
A especialista reforça que instituições bancárias não solicitam senhas ou dados pessoais por e-mail ou mensagens instantâneas, advertindo os consumidores a terem atenção com promessas de antecipação de recebimentos, que podem ser estratégias de engano, especialmente para pequenos empreendedores que não conhecem bem as regras da modalidade.
A importância do Pix para a economia brasileira
Bruno Peres, da Agência Brasil, destaca que o Pix revolucionou o sistema de pagamentos do país, facilitando as transações e estimulando a inclusão financeira. No entanto, o uso de uma infraestrutura consolidada como canal de crédito sem as devidas salvaguardas ameaça a estabilidade financeira e aumenta o risco de superendividamento, segundo o Idec.
Especialistas e entidades de proteção ao consumidor pedem cautela e maior transparência na expansão do Pix, garantindo que a inovação não comprometa a segurança e a confiança do sistema financeiro brasileiro.
Para saber mais, acesse a matéria completa no Portal iG: Pix parcelado: ameaça ao superendividamento?