Brasil, 7 de setembro de 2025
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USP de Ribeirão Preto inaugura laboratório de estimulação multissensorial

A Faculdade de Medicina da USP criou um espaço inovador para melhorar a saúde mental de idosos através da estimulação sensorial.

A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) acaba de inaugurar um laboratório inovador com o objetivo de estimular os sentidos e promover a saúde e o bem-estar de idosos. O Laboratório de Pesquisa e Inovação em Estimulação Multissensorial (Labem) foi desenvolvido para investigar, de forma científica, como diferentes estímulos ambientais – como luzes coloridas, sons, aromas e texturas – podem impactar o corpo e a mente.

Um projeto inédito no Brasil

O Labem se destaca por ser uma proposta totalmente inédita no Brasil. Durante as sessões, os idosos são expostos a diversas experiências sensoriais enquanto têm sua pressão arterial e frequência cardíaca monitoradas em tempo real. O principal objetivo do laboratório é identificar se estes ambientes multissensoriais podem ajudar a atenuar sintomas como ansiedade, agitação e alterações de humor, oferecendo assim uma abordagem alternativa aos tratamentos convencionais.

Metodologia e funcionamento das sessões

Inspirado pela metodologia holandesa Snoezelen, cuja utilização como recurso terapêutico é amplamente reconhecida em outros países, este novo laboratório foi adaptado ao contexto acadêmico e de pesquisa da USP. Para tanto, foram criados protocolos rigorosos que visam avaliar a resposta dos participantes de maneira científica.

As sessões no Labem duram cerca de 30 minutos e acontecem em dois tipos de ambiente distintos:

Sala de relaxamento

Esse espaço é projetado para promover a calma, com luzes suaves, músicas tranquilas e aromas discretos. Os participantes são encorajados a relaxar e se desconectar das tensões do dia a dia.

Sala de ativação

Neste ambiente, o objetivo é estimular o movimento e a interação. Sons mais marcantes, luzes vibrantes e cheiros mais intensos são usados para criar uma experiência dinâmica e envolvente.

Monitoramento cuidadoso e resultados promissores

Enquanto os idosos interagem com os estímulos, alunos de Terapia Ocupacional acompanham cada detalhe das experiências. Relógios inteligentes registram a frequência cardíaca em tempo real, e a equipe mede a pressão antes e depois das atividades, além de observar atenção, comportamento e sinais de bem-estar.

Os pesquisadores envolvidos no projeto relataram resultados iniciais encorajadores. Em algumas situações, idosos que antes estavam mais agitados saíram das sessões demonstrando uma notável calmaria, enquanto aqueles que eram mais introspectivos começaram a interagir mais. A estudante de Terapia Ocupacional, Maria Eduarda Harumi Eizo, comentou: “É possível perceber mudanças no humor e no comportamento que dificilmente aconteceriam em outro contexto”.

Depoimentos dos participantes

Os primeiros testadores do laboratório foram idosos da região, incluindo aqueles com e sem Alzheimer. Muitos dos participantes relataram melhorias significativas em sua saúde física e mental após as atividades. A aposentada Elizabeth Garofallo Isaías, participante de três sessões, disse: “Na última vez que estive aqui, minha pressão diminuiu. Foi muito bom. Além disso, é uma experiência diferente, porque foge do cotidiano.”

Seu marido, Arnaldo Isaías, acrescentou a importância da experiência: “São situações que a gente nunca percebe no dia a dia. Trouxe uma calma diferente, que não saberia descrever.”

Perspectivas futuras

Embora o foco inicial esteja nos idosos, a expectativa é ampliar os atendimentos para outras populações, como pessoas com depressão, ansiedade e transtorno do espectro autista. A professora Carla da Silva Santana Castro, coordenadora da pesquisa, destaca que todos podem se beneficiar dos estímulos: “Sabemos que os estímulos podem beneficiar diferentes populações, mas precisamos avançar com rigor científico para comprovar os efeitos e propor práticas baseadas em evidências”.

Além de servir como um espaço para pesquisa, o laboratório também tem a ambição de se tornar um local de formação para alunos e, futuramente, de extensão para a comunidade. Carla ressalta: “Nosso papel é gerar conhecimento e formar profissionais. A ideia é que, mais adiante, esse trabalho contribua para novas práticas de cuidado em saúde”.

Essa iniciativa não apenas posiciona a USP como referência em inovação na saúde, mas também promete transformar a maneira como a sociedade aborda o cuidado com os idosos, priorizando intervenções que promovam bem-estar e qualidade de vida.

*Sob supervisão de Helio Carvalho.*

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