Brasil, 9 de julho de 2025
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Lula e Modi se reúnem e discutem parceria Brasil-Índia

Presidentes enfatizam cooperação em áreas-chave e reivindicam assentos permanentes na ONU.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira (8), em Brasília, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, marcando a visita de Estado do líder do país mais populoso do planeta, que conta com 1,4 bilhão de habitantes. Modi esteve na capital federal após participar da cúpula do Brics, realizada nos últimos dias no Rio de Janeiro.

Durante a declaração à imprensa após a reunião bilateral, Lula defendeu um maior protagonismo do Brasil e da Índia na governança global e reafirmou o pedido para que os dois países sejam reconhecidos como membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

“O que é mais importante é que Brasil e Índia têm um potencial extraordinário e, por isso, reivindicamos o direito de participar no Conselho de Segurança da ONU. Não é mais possível ver a ONU enfraquecida, não sendo levada em consideração. E os membros fixos do Conselho, que deveriam primar pela paz, são os que mais estimulam a guerra”, disse Lula.

Na mesma linha, Modi reforçou a importância da aproximação entre os dois países, considerando-a um fator fundamental para a estabilidade no cenário internacional.

“Essa parceria entre Índia e Brasil é um pilar importante de estabilidade e equilíbrio. Acreditamos que todas essas disputas devem ser resolvidas por meio do diálogo e da democracia. Nossas visões nessa luta contra o terrorismo estão aliadas; temos uma posição de tolerância zero”, observou.

Lula também destacou que o fortalecimento de iniciativas conjuntas em áreas estratégicas é um passo crucial na relação bilateral. “Dois países superlativos como a Índia e o Brasil não podem permanecer distantes. A solidez das nossas democracias, a diversidade das nossas culturas e a pujança das nossas economias nos atraem”, comentou.

Comércio bilateral

O presidente ainda defendeu a ampliação do Acordo Mercosul-Índia, visando reduzir barreiras comerciais. “Hoje, apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia estão cobertas pelo acordo. Temos muito a avançar”, afirmou Lula, sublinhando a importância de aprofundar os laços entre as duas nações nos setores de turismo, negócios e intercâmbio cultural.

A Índia se posiciona atualmente como o décimo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o comércio bilateral totalizou US$ 12 bilhões, com as exportações brasileiras alcançando US$ 5,26 bilhões, destacando-se produtos como açúcar, petróleo bruto, óleos e aviões. As importações somaram US$ 6,8 bilhões, fazendo da Índia a sexta maior origem de importações para o Brasil.

Sobre a ampliação das relações comerciais, Modi afirmou que é possível elevar o fluxo comercial a um patamar significativamente mais alto. “Estabelecemos a meta de utilizar vários milhões de dólares nos próximos cinco anos. E estimamos chegar a US$ 20 bilhões em nossa cooperação comercial. Juntos, vamos trabalhar na expansão do acordo comercial entre a Índia e o Mercosul”, enfatizou.

Acordos firmados

Entre os atos firmados pelos dois líderes, destacam-se um acordo de cooperação no combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional, um memorando de entendimento na área de energia renovável, focando na transmissão de energia, e um memorando para compartilhamento de soluções digitais em larga escala voltadas à transformação digital.

Na agenda ambiental, Lula ressaltou o papel de liderança dos dois países. “Chegaremos à COP 30 como líderes da transição energética justa. Mostraremos que é possível aliar a redução das emissões de gases de efeito estufa ao crescimento econômico e à inclusão social”, afirmou.

O presidente brasileiro também destacou que a Índia é o mercado de bioenergia que mais cresce no mundo e tem como meta aumentar para 20% a mistura de etanol na gasolina e para 5% a proporção de biodiesel no óleo diesel.

Lula lembrou ainda que, em agosto, Brasil e a ONU realizarão em Nova Délhi a segunda rodada do Balanço Ético Global, preparando a sociedade civil de todo o mundo para a COP30. A candidatura da Índia para sediar a COP 33 também “fortalece o protagonismo dos países emergentes no enfrentamento das mudanças climáticas”, salientou Lula.

Críticas à política externa dos EUA

No encerramento de sua declaração à imprensa, Lula não hesitou em criticar a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação a possíveis tarifas contra os países do Brics. “Nós não aceitamos nenhuma reclamação sobre a reunião do Brics. Não concordamos com a insinuação do presidente dos Estados Unidos de que ele vai taxar os países que negociam com o Brics”, finalizou.

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