Brasil, 9 de julho de 2025
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Por que o dólar vem perdendo força como porto seguro global

O dólar, entre 2024 e o início de 2025, experenciou a maior queda em 50 anos, refletindo mudanças na sua hegemonia no mercado mundial

O dólar teve, entre 2024 e o início de 2025, o pior desempenho cambial em mais de meio século, registrando queda frente a diversas moedas globais apesar de um cenário internacional de conflitos e instabilidade. Essa mudança ocorre em meio a uma série de fatores que desafiam sua tradicional posição de ativo de reserva e refúgio seguro.

Contexto de desempenho do dólar e suas razões

Segundo o economista Bruno Corano, da Corano Capital, esse comportamento é uma exceção histórica. “Normalmente, em momentos de incerteza, os investidores recorrem ao dólar, que lidera os ativos líquidos e confiáveis”, explicou ao Portal iG. “Desta vez, isso não ocorreu porque, concretamente, não há uma crise relevante que justifique essa fuga.”

Corano aponta que, embora o dólar continue sendo a moeda dominante nas reservas globais, sua hegemonia vem sendo contestada de forma gradual. “Em 2001, 73% das reservas internacionais estavam em dólar; atualmente, esse percentual caiu para menos de 58%, e a tendência é de continuidade dessa redução”, afirmou.

Fatores que influenciam a perda de atratividade do dólar

Ciclo de corte de juros no Federal Reserve

Um dos principais motivos é a sinalização do Federal Reserve (Fed) de que o ciclo de aperto monetário está chegando ao fim. Após dois anos de altas agressivas, o banco central iniciou cortes na taxa de juros, tornando o dólar menos atraente para investidores que buscam rendimento.

Desaceleração econômica e crise política nos EUA

Além disso, a desaceleração da economia norte-americana também impacta o dólar. “O setor imobiliário mostra sinais de enfraquecimento, o consumo perdeu força, e os dados do mercado de trabalho vieram mistos”, destacou Corano. Ele também citou a estabilidade inflacionária nos EUA, comparada a países como Canadá, Austrália e zonas do euro, que mantêm juros elevados, neutralizando o diferencial que anteriormente favorecia o dólar.

Por fim, o cenário interno de instabilidade política, com risco de uma possível reeleição de Donald Trump, disputas sobre o teto da dívida e polarização institucional, reforça a percepção de fragilidade do dólar como ativo de segurança.

Perspectivas de substituição e impacto no cenário global

Apesar do enfraquecimento da moeda americana, Corano observa que o dólar ainda domina mais de 80% das transações cambiais globais. No entanto, movimentos como o fortalecimento de blocos regionais, acordos bilaterais e a ascensão da China vêm pressionando sua posição.

O especialista explica que a combinação de expectativa de cortes de juros nos EUA, desaceleração econômica, juros elevados em outras regiões e crise de credibilidade política impulsionam a realocação de portfólios internacionais. “Com a queda na taxa real de juros nos EUA, o mercado está migrando para moedas que oferecem maior rendimento com maior estabilidade, o que explica a saída parcial do dólar”, concluiu.

Implicações para o mercado global

Esse movimento de diversificação de reservas e ativos representa uma mudança na dinâmica mundial de ativos de refúgio, influenciando as estratégias de investidores e governos. O papel do dólar como principal moeda de reserva e referência internacional ainda é forte, mas suas posições estão sendo reconsideradas diante dessas novas tendências.

Para mais detalhes sobre essa análise, consulte a matéria completa no Portal iG.

Economia, Moedas, Mercado Financeiro, Reserva Internacional

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