Líderes da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso expressaram preocupação e contrariedade em relação às férias do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em um momento delicado, marcado pela crise do reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e pela Medida Provisória (MP) relacionada à arrecadação, os aliados de Lula temem que a ausência do titular da Fazenda complique ainda mais as negociações necessárias para enfrentar os desafios fiscais do país.
A escalada de uma crise fiscal
Desde o anúncio de medidas para buscar um equilíbrio fiscal em 23 de maio, o governo federal tem enfrentado uma série de crises. Através de um comunicado feito por técnicos do Ministério da Fazenda, ficou evidente a intenção de aumentar o IOF de diversas operações. De acordo com o governo, esse aumento tinha como meta arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026. No entanto, a reação do mercado foi alarmante. O Ibovespa fechou em baixa de 0,44%, enquanto o dólar subiu 0,32%, atingindo R$ 5,66.
As redes sociais também foram palco de duras críticas ao governo, que viu a situação se agravar ainda mais após o recuo do Ministério da Fazenda, que precisou cancelar partes das mudanças anteriormente anunciadas no IOF. Mesmo com a retirada de algumas medidas, a crise persistiu. Aproximadamente 20 projetos de decretos legislativos (PDLs) foram apresentados no Congresso com o intuito de sustar os efeitos do decreto estadual. Em 28 de maio, Haddad teve que reunir-se de forma emergencial com os presidentes da Câmara e do Senado, mas a conversa não trouxe resultados concretos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se envolveu na situação e, em uma coletiva no dia 3 de junho, reconheceu que a comunicação do governo com o Congresso deixou a desejar. Para tentar desanuviar a tensão, novas propostas foram apresentadas, mas mais uma vez, o clima se deteriorou. No dia 12 de junho, o presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou que pautaria a urgência do projeto que suspende o aumento do IOF.
Reação e consequências das férias de Haddad
O voto de urgência foi aprovado no dia 16 de junho, mas os líderes da base lamentam o fato de Haddad estar fora do cenário em um momento tão crucial. O ministro estará de férias até o dia 22 de junho, e durante esse intervalo, o Congresso terá duas semanas – devido ao recesso informal e a festividades como o feriado de Corpus Christi e as festas juninas – para discutir a proposta que derruba o reajuste do IOF. Esse prazo é crítico, pois o governo precisa urgentemente arrecadar quase R$ 20 bilhões neste ano para atingir as metas estipuladas pelo Arcabouço Fiscal.
As férias de Haddad são vistas como um fator que pode dificultar a busca por um consenso em meio a um cenário já desgastante e tenso. Líderes da base alertam que essa ausência poderá deixar o governo em desvantagem durante as discussões sobre alternativas para reverter a queda na arrecadação.
O impasse persistente sobre o IOF
As dificuldades para aprovar o aumento do IOF chamaram a atenção de toda a política brasileira. O aumento do IOF de 1,88% para 3,95% ao ano para empresas gerou uma onda de insatisfação que não se limitou apenas à oposição, mas também atingiu membros da base do governo que outrora apoiavam a medida. Ao se reunirem, líderes do Congresso solicitaram ao Planalto que reduzisse o aumento e propusesse uma MP com cortes de gastos como compensação.
O clima de insatisfação gerou uma série de conversas com parlamentares e aumentou a pressão sobre o governo, que precisava encontrar uma solução para evitar derrotas nas votações. Mesmo após um acordo preliminar, parte do Congresso voltou a demandar a revogação do decreto, resultando em um ambiente político conturbado.
À medida que as discussões prosseguem, o Planalto ainda tem a responsabilidade de navegar por esses mares turbulentos, buscando um consenso que estabilize a situação fiscal do país. O papel de Fernando Haddad e sua capacidade de diálogo serão cruciais para determinar a eficácia nas negociações e a continuidade das políticas econômicas que visam melhorar a arrecadação do governo.
Enquanto a crise se desenrola, a dificuldade enfrentada pelos líderes governistas ressalta a importância de uma comunicação clara e contínua entre o Executivo e o Legislativo, especialmente em momentos de alta tensão como este.