O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, deixou as negociações com a China na noite desta terça-feira, em Londres, enquanto continuavam os debates sobre exportações estratégicas e tensões na guerra comercial. As delegações buscavam estabelecer uma trégua que facilite acordos que possam evitar uma escalada nas tarifas e restrições comerciais.
Negociações entre EUA e China avançam em meio a tensões tarifárias
As conversas, lideradas por Bessent e pelo vice-premiê chinês He Lifeng, ainda estavam em andamento na noite de terça, com equipes diplomáticas buscando detalhes finais. Segundo um funcionário do Tesouro, as discussões focam no restabelecimento dos termos de um acordo firmado recentemente em Genebra, que prevê a exportação de terras-raras para os EUA, essenciais para setores como tecnologia e energia renovável.
Impacto nos mercados financeiros
Os mercados americanos acompanharam de perto o desenrolar das negociações, que contribuíram para o aumento das ações. O índice Dow Jones subiu 0,25%, a 42.866 pontos, o S&P 500 avançou 0,55%, a 6.038 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,63%, chegando a 19.714 pontos, após declarações otimistas do secretário do Tesouro, Howard Lutnick, de que as negociações estão “indo muito bem”.
Perspectivas para a retomada do diálogo comercial
Scott Bessent explicou a repórteres que precisava retornar a Washington para testemunhar no Congresso, mas afirmou que os representantes dos EUA e da China continuarão dialogando conforme necessário. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e o representante comercial, Jamieson Greer, permanecem negociando para fortalecer a trégua tarifária.
Relevância da questão das terras-raras
A principal questão segue sendo a implementação de um acordo que permita maior exportação de minerais estratégicos, os chamados terras-raras, considerados cruciais para a indústria moderna. A China, por sua vez, tem limitado essas vendas, o que já afetou montadoras e fábricas de robôs nos EUA. Segundo especialistas, uma decisão dos EUA de relaxar controles tecnológicos seria vista como uma vitória para Pequim, que busca ampliar sua influência no setor mundial de minerais estratégicos.
Contexto internacional e retaliações
Na semana passada, China e EUA concordaram em uma trégua de 90 dias, até meados de agosto, para tentar resolver divergências comerciais – de tarifas a controles de exportação. Além disso, Pequim vem reforçando sua estratégia de reserva de minerais essenciais, como revelou recente reportagem do Globo, que aponta a criação de reservas estratégicas na Austrália, potência no setor de mineração.
Enquanto isso, a equipe de Trump tenta assegurar acordos bilaterais com países como Índia, Japão e Coreia do Sul, antes do aumento das tarifas que alcançará novos patamares em julho. Nestes diálogos, Xi Jinping também reforçou, em telefonema com o presidente sul-coreano Lee Jae-myung, a importância de fortalecer a cooperação multilateral e garantir a estabilidade das cadeias globais de suprimentos, numa tentativa de evitar maior fragmentação do comércio internacional.
Para analistas, um avanço nas negociações pode representar uma “vitória para a China”, dada a sua influência crescente no setor de minerais e sua postura em relação ao controle global de tecnologias. A recente movimentação ocorre em meio à expectativa de um acordo que possa evitar uma escalada em uma das maiores disputas comerciais do mundo.
Fonte: GLOBO