A diretora de Infraestrutura e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, afirmou nesta segunda-feira (2) que o aumento recente da taxa básica de juros, a Selic, que atingiu 14,75% ao ano, está dificultando a realização de novos investimentos em infraestrutura no país. Ela destacou que, devido a essa situação, o total de aprovações de operações do banco poderá ficar abaixo de R$ 80 bilhões em 2025.
Juros elevados dificultam aprovação de novos financiamentos
Durante participação em evento promovido pelo Fórum Econômico Mundial e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), no Rio de Janeiro, Luciana explicou que o cenário de juros altos impacta diretamente a capacidade do BNDES de liberar recursos para projetos de grande porte. “Alguns projetos, se podem atrasar um pouquinho o capex (investimentos em ativos), vão atrasar”, afirmou ela.
Segundo a executiva, o banco vem adotando novos instrumentos de financiamento, com maior flexibilidade, para tentar mitigar os efeitos dessa alta de juros. “O cenário atual faz com que não seja possível passar de R$ 80 bilhões em financiamentos este ano”, reforçou Luciana Costa.
Perspectivas para o setor de infraestrutura
Apesar do cenário desafiador, Luciana informou que há uma expectativa de crescimento de 11% nos investimentos em infraestrutura em 2025, com empresas buscando recursos no mercado de capitais, como as debêntures de infraestrutura, beneficiadas por isenção de Imposto de Renda. Segundo levantamento do Globo.
Ela também destacou que, com o momento atual, o Brasil apresenta uma condição relativamente estável para atrair investimentos estrangeiros em infraestrutura. “Os investidores internacionais estão de olho no Brasil, devido à nossa regulação e segurança jurídica, que melhoraram recentemente, especialmente em comparação com os EUA”, afirmou.
Medidas para mitigar o impacto da alta de juros
Para enfrentar o cenário, o BNDES tem utilizado ferramentas que oferecem maior flexibilidade nos financiamentos, incluindo a aquisição de títulos de dívida — como as debêntures incentivadas. Dessa forma, o banco busca garantir maior segurança aos operadores de concessões, mesmo com a expectativa de que investimentos poderão ser adiados.
Contexto internacional e reformas no Brasil
Luciana citou que, apesar das dificuldades econômicas, o Brasil mantém uma postura de estabilidade para investimentos, especialmente em comparação com os Estados Unidos, onde a instabilidade política e as mudanças regulatórias têm assustado investidores. “O Brasil construiu arcabouços regulatórios sólidos ao longo dos anos, e há uma percepção de respeito ao Estado de direito”, afirmou.
Durante o evento, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes, defendeu a reforma do setor elétrico, proposta pelo governo por meio de uma medida provisória recente. “A reforma, que chamamos de Luz do Povo, garante mais segurança energética a 60 milhões de brasileiros, além de possibilitar a inclusão de famílias de baixa renda e pequenos negócios no mercado livre de energia”, explicou.
O secretário destacou também que a reforma deve contribuir para a redução de custos de energia, promovendo preços mais acessíveis. Ainda assim, a proposta enfrenta desafios no Congresso, com o presidente Lula comentando que a aprovação da MP não é uma tarefa fácil.
Avanços e perspectivas futuras
Antonio Scala, presidente da Enel Brasil, reforçou a importância da reforma elétrica e afirmou que, embora seja um processo técnico e complexo, o esforço do governo pode gerar resultados positivos. “O Brasil leva tempo para alcançar um sistema equilibrado, mas os esforços atuais podem levar a ótimos resultados”, analisou.
Por fim, Luciana Costa reforçou que, apesar das dificuldades atuais, o Brasil mantém a porta aberta para novos investimentos, especialmente se as condições de juros melhores forem alcançadas e a estabilidade for preservada.
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