A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao final de 2024, informou o IBGE nesta quarta-feira (30). O resultado foi motivado principalmente pelo setor agropecuário, que apresentou alta de 12,2%, impulsionado por uma supersafra de grãos. Apesar do avanço, especialistas estimam que, mesmo sem o crescimento da agropecuária, o PIB avançaria cerca de 1%, devido ao aumento do consumo e dos investimentos.
Peso da agropecuária na expansão do PIB
A produção agrícola atingiu 332,9 milhões de toneladas na safra 2024/2025, um aumento recorde de 11,9% em relação à safra anterior, segundo a Conab. Essa melhora está ligada às chuvas adequadas e ao controle de pragas, destacou Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA. Além disso, a safra de milho também deve atingir recorde, recuperando o atraso causado pelo clima na primeira metade do ano.
“O milho vai ter uma produção fantástica”, afirmou Orcival Guimarães, sócio da Boa Esperança Agropecuária, que atua em quase 60 mil hectares de Mato Grosso. Ele destacou que as chuvas mais tarde contribuíram para uma colheita robusta.
Demanda e setor de serviços contribuem para o crescimento
Na oferta, os setores de tecnologia, comunicação, indústria extrativa e geração de energia elétrica tiveram destaque. Do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 1% em relação ao quarto trimestre de 2024, enquanto os investimentos aumentaram 3,1%, mesmo com a elevada taxa de juros de 14,75% ao ano, que tende a frear a economia.
O consumo vem se mantendo mais resistente do que o previsto, favorecido por um mercado de trabalho aquecido, rendimento médio recorde e maior renda disponível às famílias, explicou Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter.
Desafios fiscais e perspectivas de desaceleração
Apesar do bom desempenho, há preocupações com a sustentabilidade do crescimento. Segundo o economista Fernando Honorato Barbosa, do Bradesco, o impulso fiscal, com aumento do salário mínimo e programas de incentivo como o Minha Casa, Minha Vida, tem sido um fator determinante para a força econômica recente.
Por outro lado, especialistas alertam que a desaceleração do PIB já começou em alguns setores, principalmente devido às altas de juros, que elevam o juro real para 9%, o maior desde 2006, e à limitada capacidade de investimento público diante do ajuste fiscal. A expectativa do Banco Central é que os efeitos da política monetária demorem cerca de nove meses para se refletirem na economia.
Perspectivas futuras e riscos econômicos
Embora o crescimento atual tenha sido impulsionado por setores específicos, a alta na produção agrícola deve desacelerar nos próximos trimestres, limitando a expansão do PIB. Além disso, fatores externos, como tarifas mais caras de produtos importados e o aumento das tarifas de aço nos EUA, podem impactar a economia brasileira.
O cenário fiscal e a política monetária indicam que a economia pode enfrentar pressões inflacionárias, além de desafios em sustentar o crescimento através de investimentos públicos. O estudo do FMI projeta que o Brasil deverá permanecer na 10ª posição entre as maiores economias globais até o final da década, refletindo a estabilidade relativa do país no cenário internacional.
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