Brasil, 19 de maio de 2025
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Endividamento das famílias brasileiras atinge novos patamares

O comprometimento da renda das famílias com dívidas voltou a aumentar, exigindo atenção urgentemente.

O cenário econômico enfrentado pelas famílias brasileiras é alarmante: a parcela do orçamento comprometida com o pagamento de dívidas voltou a crescer, atingindo níveis que remetem ao período do lançamento do programa Desenrola, idealizado pelo governo Lula em 2023. O objetivo do programa era incentivar a renegociação de débitos e, assim, aliviar o peso do endividamento que aflige muitos lares do país.

Crescimento do comprometimento da renda

De acordo com dados do Banco Central, em fevereiro de 2025, 27,2% da renda das famílias estava destinada ao pagamento de dívidas, um aumento significativo em comparação com os meses anteriores. Esse percentual é o mais elevado desde julho de 2023, quando 27,3% da renda já se encontrava comprometida. Economistas apontam que esse cenário é resultado do crescimento da concessão de empréstimos no segundo semestre de 2024, juntamente com o aumento da taxa Selic, que saltou de 10,5% para 14,75% ao ano, um recorde em quase 20 anos.

Consequências do endividamento elevado

Com a alta dos juros, a situação financeira das famílias se torna cada vez mais crítica. Para muitos, a única alternativa é recorrer a modalidades de crédito com taxas de juros exorbitantes, como o cheque especial e o crédito rotativo do cartão. Nesse cenário, a tendência é de um aumento considerável na contratação de dívidas mais caras, o que consome uma fatia ainda maior do orçamento familiar. O resultado é uma espiral de endividamento que se torna cada vez mais difícil de escapar.

Essa escalada da dívida também é agravada pela inflação, que, mesmo com desacelerações pontuais, apresenta um IPCA acumulado em 12 meses de 5,53%, ultrapassando a margem de tolerância da meta anual de 3%. Os principais vilões dessa inflação são os alimentos e serviços essenciais como transporte, que impactam de forma significativa as famílias já vulneráveis ao endividamento.

Histórias reais de enfrentamento

Dentre as pessoas afetadas, está Maria Regina Cordeiro, uma aposentada de 72 anos que vive em São João de Meriti. Com a aposentadoria e a pensão do marido somando pouco mais de R$ 3 mil, ela se vê obrigada a fazer malabarismos financeiros para manter as contas em dia. “Está tudo caro demais. Gás, água e alimentação. Eu pago quase tudo sozinha. Tento me organizar, mas nem sempre consigo,” desabafa Maria.

Outro exemplo é a copeira hospitalar Alexandra Gonçalves, de 49 anos, que também luta contra o aumento do comprometimento de sua renda familiar. Com uma renda mensal de cerca de R$ 5.700, ela contraiu um empréstimo consignado de R$ 14 mil para cobrir despesas médicas de sua neta. “Hoje, quase R$ 3 mil vão para pagar aluguel, alimentação e empréstimos. Tem mês que o aperto é grande,” relata Alexandra. Essa realidade revela um panorama desolador que se torna comum para muitos brasileiros.

O impacto do programa Desenrola

O programa Desenrola, embora tenha trazido melhorias temporárias, parece ter perdido sua eficácia com o aumento do comprometimento de renda observado desde sua conclusão em maio de 2024. Segundo o economista Caio Napoleão, a desoneração oferecida pelo programa foi significativa, mas muitas famílias já estão novamente sobrecarregadas, principalmente devido ao alto custo do crédito pessoal e financiamentos.

Com a nova linha de crédito denominada “Crédito do Trabalhador”, espera-se que haja uma melhoria no acesso a empréstimos com juros menores, uma vez que essa modalidade é voltada para todos os trabalhadores com carteira assinada. Contudo, economistas alertam que essa mudança não é uma solução mágica, e dependerá do uso responsável desses novos créditos.

A necessidade de educação financeira

A atual situação revela a importância de garantir uma maior cidadania financeira entre os brasileiros. De acordo com o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto, “é fundamental que os bancos assumam um papel ativo na avaliação do perfil financeiro dos tomadores de crédito, ajudando-os a evitar dívidas excessivas”. Esse modelo, adotado em países desenvolvidos, poderia oferecer um alicerce mais seguro para o consumidor brasileiro.

O desafio agora é não apenas lidar com a crescente dívida das famílias, mas também garantir que as soluções adotadas sejam sustentáveis e que promovam um real alívio no dia a dia da população. O Brasil ainda está longe de apresentar um cenário ideal, mas a esperança é de que ações coordenadas e a conscientização promovam um futuro financeiro mais estável para todos os cidadãos.

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